Serra e o PSDB são especialistas em dossiês, diz líder Fernando Ferro

22-03-10-ferro-D1O líder da bancada do PT na Câmara Federal, deputado Fernando Ferro (PE), em entrevista ao Terra Magazine, rebateu as acusações de setores da mídia e da oposição de que o PT seria responsável pela elaboração de dossiês contra o candidato oposicionista José Serra (PSDB). O líder assinalou que quem é especializado na confecção de dossiês é o PSDB e apontou o deputado federal tucano Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) de ter ligações notórias com o “submundo de informações e da política da conspiração”. O petista citou o parlamentar pela suposta conexão com o ex-delegado da Polícia Federal, Onézimo Sousa. Abaixo, os principais trechos da entrevista:

Terra Magazine – Antes mesmo do registro das candidaturas entraram em voga suspeitas de confecção de dossiês. O último fato sobre o assunto registrado é a declaração do ex-delegado federal, Onézimo Sousa, que disse ter sido procurado por pessoas ligadas a Dilma Rousseff (PT)…

Fernando Ferro – Isso é mentira! Ele não foi contratado nem por Dilma e nem pelo PT. Ele disse que foi sondado por pessoas que trabalhariam na organização do comitê de campanha. Não tem ninguém do PT em contato com esse senhor. O senhor Onézimo foi um delegado federal que trabalhou com Marcelo Itagiba, que é deputado federal do PSDB. Eles (tucanos) não têm um projeto político e querem sabotar a campanha com dossiês. O especialista em dossiê é o PSDB. Serra é o responsável por esquema de dossiê. Não temos nenhum deputado federal que seja policial federal, como Marcelo Itagiba, que é um notório agente desse submundo de informações e da política da conspiração. Onézimo se afirma como antipetista. É um militante político do submundo da arapongagem, um desqualificado. Quanto mais eles falam, nossa candidata se consolida. É o desespero deles, pois não têm um vice e nenhum programa de governo. Uma hora atacam Lula e outra hora, defendem. Estão totalmente perdidos e têm que arranjar adereços para tentar criar esse tipo de baixaria. Estamos com mais de cinco pontos à frente nas pesquisas internas.

P – Mesmo assim, a candidata Dilma Rousseff está bem abaixo dos índices de popularidade e avaliação do governo Lula. O que falta para ela ampliar a vantagem? Lula pedir o voto?
Fernando Ferro – Você acha pouco ela estar à frente de José Serra a essa altura do campeonato? Não é pouca coisa não. Estou assustado positivamente com os percentuais dela. Esperávamos que isso só fosse acontecer no final de julho e início de agosto. E o presidente ainda não pediu voto pra ela. O curioso é que uma parcela dos apoiadores de Serra pensa que ele é apoiado por Lula, 10% da população. Acho que está muito bom e temos um crescimento surpreendente. Inclusive na sondagem espontânea Dilma já ganha de José Serra.

P – Mas ao escolher Dilma Rousseff o PT não corre certo risco? Trata-se da primeira eleição dela como candidata, nunca participou de debates em televisão e rádio e a oposição ressalta essa inexperiência.
Fernando Ferro – Experiência ela tem. Como alguém que coordena o Programa de Aceleração do Crescimento, que comandou a Casa Civil, que tem a informação de todos os dados do governo não tem experiência? Como uma pessoa que assumiu o lugar de José Dirceu naquela crise e, de lá pra cá, só vê o País crescer politicamente e economicamente pode ser inexperiente? Em debate ela vai surpreender. Na eleição de prefeito, aqui no Recife, disseram que João da Costa (PT) era um poste e não saberia se defender. Quando ele assumiu a disputa, nos debates ele ganhou. Ele conhecia o governo assim como Dilma conhece. Ela lutou em vários campos e cenários, lutou contra a ditadura e luta dentro do governo Lula por esse projeto político. A oposição deveria estar comemorando essa falta de experiência dela, não é? Porque estão tão agoniados? Porque sabem que ela tem domínio dessas informações e tranqüilidade para enfrentar essa luta. Dilma tem uma frente de partidos e o PT com ela. Ela não está sozinha nesta disputa. Ela está dando certo e o povo quer que isso continue.

Terra – O senhor participou do acordo que encerrou a greve de fome do deputado federal Domingos Dutra e do líder camponês Manoel da Conceição, ambos fundadores do PT, que discordavam da aliança do PT com a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB). Como o partido avaliou esse protesto?
Fernando Ferro – A forma de protesto utilizada por companheiros do PT do Maranhão foi essa greve de fome. Primeiro, quero manifestar que sou contra esse tipo de manifestação. É uma ação extremamente grave e limite, pois se coloca em jogo a vida por conta dessas divergências. Mas respeito. Esse campo político do Maranhão tem muita responsabilidade no PT, Manoel da Conceição militou no PT de Pernambuco, no início do PT. É um companheiro do PT e temos nele além do compromisso político, um compromisso afetivo com ele. Entramos no circuito para buscar uma mediação. E conseguimos superar esse impasse. Garantimos o direito deles de dissidência, eles vão atuar no Maranhão sem a obrigação de fazer campanha para Roseana Sarney.

P – Até pouco tempo atrás, esse tipo de aliança era rechaçada pela grande maioria dos petistas. O que mudou?
Fernando Ferro – A aliança é com o PMDB e é uma aliança nacional. Evidente que o PMDB tem situações variadas. No Maranhão, o PMDB pertence ao grupo Sarney, que nos apóia no campo nacional e no Senado. Tem participado da base do Governo e, independente das divergências políticas, faz parte do agrupamento que dá sustentação ao governo Lula. Essas situações regionais requerem certa tolerância.

P – Mas essas concessões não extrapolam os limites? Temos como exemplo as solicitações do PMDB para encabeçar ministérios…
Fernando Ferro – O PMDB tem a maior bancada do Congresso e, uma coalizão, uma coligação para governar um País, requer uma divisão de responsabilidade. Nós fizemos isso. É fruto de uma correlação de forças que existe no plano político nacional. Eu lhe digo que gostaria que o PT tivesse a maioria dos ministérios, mas nossa situação não permite isso. Para governar precisamos de alianças, e para isso temos que dividir as responsabilidades. Não são concessões apenas. São participações para governar. Esperamos que isso evolua para uma aliança programática e mais consistente. As disputas regionais existem, mas temos que ter em mente que nosso objetivo principal é a presidência da República. Por isso, em alguns momentos, temos que fazer concessões nas políticas regionais.

Terra Magazine

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