O deputado Luiz Couto (PT-PB) criticou duramente, em discurso no plenário, a postura dos delegados Maurício Moscardi Grillo e Igor Romário de Paula, da Polícia Federal (PF), em relação ao ex-presidente Lula. “Eles tem dado declarações à imprensa incompatíveis com o cargo que ocupam. Falam indevidamente sobre o tempo para prender Lula, como se prender alguém fosse um juízo de oportunidade e não de estrita obediência à Lei. Estamos vendo toda uma ação contra o nosso ex-Presidente Lula”, afirmou.
Luiz Couto referiu-se a entrevista concedida à revista Veja em janeiro pelo delegado da PF, Mauricio Moscardi Grillo. O delegado disse que a Operação Lava Jato perdeu o “timing” para prender Lula. Posteriormente, o delegado Igor Romário de Paula disse ao portal UOL que discordava do colega a respeito do “timing”, dizendo que a prisão poderia ocorrer mais para a frente, em até 90 dias.
Na avaliação do parlamentar petista, as declarações dos delegados da PF tem objetivo escuso. “Tratam-se de declarações com teor pirotécnico, aparentemente no intuito vil de mera promoção da própria imagem. Com isso, porém, desrespeitam a honra de um dos políticos que mais fizeram pelo Brasil. E é aí que reside o sinal de que há algo muito errado na política e na administração da justiça brasileira. O aparato estatal tem sido amplamente utilizado para perseguir e destruir a imagem de adversários políticos. Narrativas sem suporte em evidências são criadas e entregues ao público no afã de se fazer acreditar que são verdadeiras”, lamentou o deputado.
Para Luiz Couto, a conduta dos dois delegados é altamente reprovável. “Não é possível admitir que uma instituição que deveria prezar pela imparcialidade esteja sendo utilizada como veículo de perseguição política. Orquestrando atuação com a imprensa tradicional, diversos órgãos estatais brasileiros estão deturpando as missões que justificam suas existências.
Luiz Couto faz uma previsão pessimista. “A situação é preocupante porque uma crise institucional como a que se afigura pode levar este País ao fim de sua vivência republicana. Se os órgãos estatais de investigação transformam-se em meras ferramentas de acusação, a verdade deixa de prevalecer. Por ora, a opinião pública tem acompanhado criticamente as versões nefastas que lhe são apresentadas. No entanto, sua confiança nas instituições já está enfraquecida. Quando a perna curta da mentira não servir para o próximo passo, poderemos ver o fim das próprias instituições”, criticou o deputado Luiz Couto.
Gizele Benitz
Foto: GustavoBezerra/PTnaCâmara