Em discurso na tribuna da Câmara nesta quinta-feira (16), o deputado Henrique Fontana (PT-RS) relembrou o conteúdo da gravação entre o senador do PMDB Romero Jucá, que aparece na lista da Odebrecht com o codinome “Caju”, e Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro. Segundo Fontana, as frases de Jucá “oferecem uma espécie de anatomia do golpe parlamentar que se colocou em curso no nosso País”.
Henrique Fontana destacou um dos trechos da gravação em que é revelada a intenção dos políticos que sustentam a base do governo golpista em se proteger das investigações da Lava Jato, feitas pela Polícia Federal, em parceria com o Ministério Público.
“Marcamos de noite um jantar com o Tasso, na casa do Tasso Jereissati, fomos eu, Jucá, Renan, Eunício, Tasso, Aécio, Serra, Aloysio Nunes, Cássio e Ricardo Ferraço, que agora virou um psdebista histórico. Aí conversamos lá. O que a gente combinou? Nós temos que estar juntos para dar uma saída para o Brasil, para estancar essa sangria. ”, diz o diálogo entre Jucá e Machado.
O parlamentar gaúcho explicou que o termo “estancar sangria” muito usado na gravação entre os dois políticos, era o “movimento para obstruir as investigações contra a corrupção que estão em curso, especialmente na Lava Jato”. Fontana lembrou ainda que grandes Líderes do PMDB e do PSDB, além de outros partidos, foram delatados nessa operação.
Ocultando os termos de baixo calão, Fontana destacou outra passagem do diálogo: “Se a gente não estiver unido aí, com o foco na saída para essa…” “não vai ter. E, se não tiver, eu disse lá, todos os políticos tradicionais estão…”. O termo usado por Jucá para completar a frase foi suprimido pelo petista e substituído por “perdidos. ”
Na avaliação do deputado, isso tudo mostra que o grande motor do golpe parlamentar no Brasil foi exatamente a necessidade dos partidos tradicionais, que estão envolvidos com esse processo de corrupção se protegerem.
Benildes Rodrigues
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