Em discurso na tribuna da Câmara, nesta segunda-feira (24), o vice-líder da Bancada do PT deputado Henrique Fontana (PT-RS) chamou a atenção da população brasileira para mais um golpe que se vislumbra no cenário político brasileiro. “Nós podemos ter uma continuidade do golpe parlamentar através de uma eleição indireta feita pelos deputados federais”, alertou o deputado.
Isso porque, se as denúncias que pesam contra o governo vierem logo a público, os golpistas poderão ser retirados do poder ainda este ano, e a população poderá eleger de forma direta e democrática um novo presidente da República. Caso sejam destronados a partir de 1º de janeiro do próximo ano, a escolha, de acordo com a Constituição, será feita de maneira indireta pela Câmara dos Deputados.
Para evitar esse retrocesso, o deputado fez um apelo ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e ao Juiz Sérgio Moro para que acelerem a análise da homologação, ou não, das delações premiadas da Odebrecht, da Andrade Gutierrez, da OAS, da Delta e do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Segundo Fontana, todos os vazamentos que circulam em torno dessas delações indicam que elas atingem o coração do PMDB e do PSDB.
“Nós precisamos ter essas delações no cenário político brasileiro, porque se elas forem empurradas para depois de 31 de dezembro, Michel Temer pode ser derrubado pelas delações. Mas, em vez de o povo brasileiro ter o direito de votar diretamente para presidente da República, nós podemos ter uma eleição indireta”, reiterou o petista, que acredita que o volume de denúncias contra Temer é capaz de derrubá-lo antes de terminar o mandato ilegítimo em 2018.
Fontana classificou de “inaceitável” para o País deixar de homologar as delações de representantes de empreiteiras e de políticos. Para ele, se a futura queda de Temer só ocorrer daqui a três meses (janeiro de 2017), a Nação assistirá a condução de um novo presidente ao Palácio do Planalto, não pelo voto direto do povo brasileiro, mas pela vontade do Parlamento, seguindo os mesmos moldes do período de exceção vivido pelo Estado brasileiro.
Benildes Rodrigues
Foto: Gustavo Bezerra/PTnaCâmara