Após várias tentativas, a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara aprovou nesta quarta-feira (5) os requerimentos que convidam o ex-senador do PMDB e ex-diretor da Transpetro, Sérgio Machado, e o ex-ministro chefe da Advocacia Geral da União (AGU), Fábio Medina Osório, a darem explicações no colegiado sobre declarações atribuídas a eles- e divulgadas pela imprensa- de que o governo golpista de Temer estaria atuando para “abafar a Lava Jato”. Na pauta de votações do colegiado há várias semanas, os convites propostos pelo deputado Adelmo Leão (PT-MG) vinham enfrentando boicote da base governista e inclusive motivaram reclamações públicas do presidente da comissão, deputado Léo de Brito (PT-AC).
Na justificativa do requerimento, Adelmo Leão disse que a denúncia é de “alta gravidade, uma vez que as reportagens demonstram que o governo Temer estaria atuando, através do seu primeiro escalão, para “abafar” as investigações de membros do governo ligados às irregularidades apontadas pela Operação Lava Jato”.
Em conversas ocorridas em março- gravadas e divulgadas por Sérgio Machado ao Ministério Público- o senador Romero Jucá (PMDB-RR) diz ao ex-presidente da Transpetro que deveria haver “mudança” no governo federal para “estancar a sangria” representada pela Lava Jato. Semanas após o fato ocorreu a votação do impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff na Câmara.
Já o outro requerimento aprovado está relacionado a declarações do ex-ministro chefe da AGU, Fábio Medina Osório, à revista Veja, na qual afirmou que “o governo quer abafar a operação Lava Jato” e que “tem muito receio de até onde as investigações possam chegar”. Na entrevista, o ex-ministro também revelou que a demissão dele do cargo ocorreu porque ele pediu que as “empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras devolvessem dinheiro aos cofres públicos”.
Opinião– Para o deputado Adelmo Leão, o requerimento atende ao princípio básico da administração pública que é a transparência.
“Nós queremos saber detalhes e informações sobre o que está acontecendo em nosso país, em cada uma das regiões, na Petrobras e na administração pública. Esse trabalho convocando as pessoas para debater na comissão é para esclarecer a realidade desse País, saber como está sendo tratado o Estado Democrático de Direito”, explicou.
Na mesma linha o presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, deputado Léo de Brito, disse que o colegiado já trata do tema da operação Lava Jato desde o ano passado e que as acusações sobre possíveis interferências do atual governo precisam ser apuradas.
“Veio à tona, com a declaração do ex-Advogado Geral da União, uma possível ação do governo que assumiu após o impeachment da presidenta Dilma de relativizar a Lava Jato, que hoje serve para atacar o Partido dos Trabalhadores, mas que passa a mão na cabeça dos aliados do atual governo federal. Esses depoimentos são importantes porque temos o papel de fiscalizar, e esperamos que os dois (convidados) possam vir à comissão para esclarecer os fatos”, disse.
A data do depoimento de Sergio Machado e Fábio Osório ainda não foi marcada.
Héber Carvalho
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