Meia noite em ponto. Esse foi o horário que este texto, sobre o discurso do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), líder da Minoria parlamentar no Senado, começou a ser escrito. Começou a ser escrito pelas palavras finais do senador que durante nove meses se dedicou de corpo e alma na defesa da verdade, da democracia brasileira, convicto que a presidenta Dilma não cometeu crimes, quaisquer que fossem e que o impeachment sem crime é golpe sim. “Dilma, a senhora jamais precisará esconder o seu rosto, a senhora sempre poderá olhar para o Brasil e seu povo de frente, de cabeça erguida”, afirmou.
Falando ao plenário e também falando à Dilma, de coração, Lindbergh disse que, se esse golpe se consumar, ninguém esquecerá esse dia e muitos brasileiros, democratas, vão lutar. E vai chegar o dia em que uma outra sessão do Senado Federal, futuramente, irá anular o que aconteceu, repetindo a sessão golpista que tirou João Goulart da presidência, em 1964.
“Eu não era tão próximo da senhora. Tinha divergências. Votei contra o ajuste fiscal. Eu me aproximei verdadeiramente da senhora nesta luta pela democracia e confesso que estou muito impressionado com sua capacidade de luta. Às vezes, eu me pergunto: de onde a senhora tira tanta força, tanta energia, tanta coragem para enfrentar tudo isso?”, questionou o senador, elogiando a honestidade, integridade, capacidade intelectual e compromisso com os mais pobres de Dilma. “Presidenta, pode dormir tranquila. A história lhe reserva um lugar de honra, ao contrário de quem votar pelo impeachment, condenando uma pessoa que todos sabem que é inocente”.
Lindbergh criticou duramente a imprensa brasileira que fechou os olhos para o bem mais valioso: a verdade. Ao contrário da mídia local, a imprensa internacional presente no Senado reconheceu que o discurso de Dilma feito na segunda-feira (29), foi demolidor, mostrando para o mundo que há um golpe em curso no País, um golpe parlamentar.
Considerando que todo o processo de impeachment sem crime foi uma farsa, Lindbergh disse que o Senado incorporou o papel de tribunal de exceção, porque as provas tinham papel irrelevante. “Este tribunal de exceção foi montado para condenar uma inocente e para tentar salvar culpados de corrupção. Não é a senhora que tem contas na Suíça. Até o seu mais ferrenho opositor reconhece que a senhora é uma mulher honesta. São os seus algozes que temem o braço da Justiça e as investigações. A senadora Gleisi tem razão. A Câmara, presidida por Eduardo Cunha, não tinha autoridade moral para abrir um processo de impeachment contra a senhora. E o Senado Federal também não tem autoridade moral para condenar uma mulher honesta e inocente como a senhora”, salientou.
O líder da Minoria apontou um golpe de classe no País, cuja pauta e interesse do governo interino, para pagar o apoio dos empresários, é reduzir os salários dos trabalhadores; é vender na bacia das almas para o capital externo o pré-sal; é acabar com a política externa onde o Brasil, o gigante, volta a ser uma formiguinha subserviente aos Estados Unidos e às outras grandes potências.
“Dilma, tenho repetido que esse é um golpe de classe. É um golpe contra os trabalhadores, a juventude, as mulheres, os negros. É um golpe contra o Brasil para todos, é um golpe por um Brasil para poucos. Eles querem tirar a senhora porque a senhora e Lula têm lado, o lado dos pobres e dos trabalhadores”, afirmou.
(Marcello Antunes PT no Senado)