Durante entrevista coletiva, nesta quarta-feira (10), o vice-líder da Bancada do PT, deputado Henrique Fontana (PT-RS), denunciou a manobra feita pelo presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), em postergar a votação do processo de cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Maia pretende jogar para o mês de setembro a apreciação da matéria. “É inaceitável que o Rodrigo Maia continue esse processo de proteção do Eduardo Cunha”, lamentou Fontana.
“Ele (Maia) cancelou todos os trabalhos parlamentares da semana que vem para não votar a cassação do Cunha. Isso é inaceitável e é um desrespeito com a população. É quase um deboche com o povo brasileiro ”, criticou Henrique Fontana.
O vice-líder do PT disse que, apesar de Rodrigo Maia ter sido um dos coordenadores da campanha de Eduardo Cunha à Presidência da Câmara, ele não pode esquecer que, hoje, ele é o presidente da Câmara. “Alguém no Brasil consegue me explicar por que ele não marcou a votação para hoje por exemplo? O Parlamento está em pleno quórum, com mais de 450 deputados presentes”, questionou Fontana. Ele lembrou que o presidente da Casa tem a prerrogativa de marcar a data de cassação.
O deputado denunciou ainda a manobra do presidente interino de Michel Temer em articular com a sua base golpista para empurrar a votação de cassação de Cunha para depois da análise final do processo de impeachment fraudulento contra a presidenta Dilma Rousseff.
“O Brasil não suporta mais essa proteção ao Eduardo Cunha que, segundo muitas vozes, significa o temor de muitos em relação à delação premiada que Cunha fará quando for cassado”, afirmou Fontana. Ele fez referência à notícia de que o lobista Júlio Camargo, um dos delatores da Operação Lava Jato sustentou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) que, em 2011, Eduardo Cunha o pressionou a pagar propina de US$ 5 milhões, porque, segundo o delator, Cunha disse que precisava do montante porque “tinha uma bancada de mais de duzentos deputados para sustentar”.
Benildes Rodrigues
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