A Bancada do PT na Câmara, em reunião realizada hoje (11), concluiu que uma das condições essenciais para garantir a lisura da eleição para presidente da Casa será, antes, a votação, em plenário, da cassação do mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) vai analisar nesta terça-feira (12) o recurso do peemedebista contra o relatório que sugeriu a cassação de seu mandato.
Segundo o vice-líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), se a comissão julgar o recurso, o plenário poderá votar a cassação antes da eleição para a Presidência da Câmara, marcada para quarta-feira. Para ele, Eduardo Cunha continua exercendo influência na Casa, numa dobradinha com Michel Temer.
Na opinião de outro vice-líder petista, Henrique Fontana (RS), “Cunha contamina o processo de eleição”, por isso o processo de cassação de seu mandato deve ir o mais rápido possível para o plenário. “Não devemos nos conformar com a ideia de que Cunha continua manobrando a Casa”, disse. “Isso é necessário, possível, ajuda a democracia e qualifica a sucessão”, completou.
A Bancada do PT não lançará nome próprio para disputar a Presidência da Câmara, mas atuará para a construção de um nome comprometido com a democracia e o pleno funcionamento da Casa. Para a escolha desse nome, ficou decidido, pela bancada, que serão procurados os partidos e parlamentares que votaram contra o golpe que destituiu do cargo a presidenta legítima Dilma Rousseff.
Segundo o líder Afonso Florence (BA), até o momento não há a definição sobre qualquer nome, mas o ponto central é que não tenha se comprometido com o golpe para afastar Dilma, sob o pretexto de que teria cometido crime de responsabilidade, numa trama que dia após dia é desfeita.
O tema central da reunião da Bancada não foi a discussão de nomes, mas sim, de princípios que norteiem o mandato do novo presidente da Câmara. Segundo Florence, um dos pré-requisitos é que o candidato respeite a democracia e garanta a aplicação do regimento da Câmara de forma a garantir o seu funcionamento de maneira republicana.
Ele observou que durante o tempo em que Eduardo Cunha comandou a Casa, ele passou por cima do regimento, usando-o de forma casuística para se blindar das inúmeras acusações de corrupção que pesam contra ele, além de ter utilizado o cargo para abrir o processo de impeachment de Dilma por pura vingança, já que não teve o apoio nem dela nem do PT para evitar seu processo no Conselho de Ética da Câmara.
Segundo José Guimarães (PT-CE), é necessário consolidar uma candidatura que seja “anti-Cunha e anti-Temer”. Para ele, um dos desafios é eleger um candidato que possa “restaurar a dignidade e decência do comando do Parlamento brasileiro”.
Segundo Paulo Teixeira, diante da dinâmica das negociações, a Bancada deve se reunir novamente nesta terça-feira.
Assista ao vídeo abaixo com as entrevistas dos deputados Paulo Teixeira, Henrique Fontana e Carlos Zarattini (PT-SP).
PT na Câmara
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