O ministro-chefe legítimo da Secretaria de Governo da Presidência da República, Ricardo Berzoini, repudiou ontem o novo direcionamento à política externa brasileira promovido pelo governo interino e golpista Michel Temer. Segundo ele, um dos princípios basilares da Constituição – o respeito à soberania nacional – está sendo desrespeitado por Temer e o chanceler interino José Serra, já que uma de suas metas é colocar o Brasil como país “periférico e subalterno” a interesses estrangeiros, sobretudo dos Estados Unidos.
Na análise de Berzoini, um dos motivos do golpe foi justamente o de “reduzir a soberania nacional”, para atender a interesses estrangeiros, a partir da lógica da conveniência econômica e geoestratégica norte-americana. “O objetivo é desconstruir o que foi feito ao longo de treze anos e meio por Lula e Dilma na área de política externa”, observou o ministro do governo legítimo de Dilma Rousseff.
Desde 2003, com o PT, o país alcançou outra posição no cenário internacional, conforme lembrou Berzoini. Ampliou o leque de alianças com a América do Sul, África, Oriente Médio e Ásia, sem prejudicar a relações com os EUA. “Mas os golpistas querem colocar o Brasil dependente econômica e diplomaticamente dos EUA, numa posição subalterna”, denunciou o ministro.
Com Lula e Dilma, o Brasil articulou um bloco de países para que pudessem potencializar suas forças econômicas, resultando na criação do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Na opinião de Berzoini, essa iniciativa contraria os golpistas subalternos aos interesses dos EUA e alheios aos interesses nacionais do Brasil.
O BRICS é uma iniciativa histórica para a criação de uma nova ordem mundial, mas Temer e seus golpistas preferem a velha ordem, em que o Brasil fica num cantinho do mundo, na expressão do chanceler do governo Lula, embaixador Celso Amorim. Berzoini cita como exemplo de iniciativa que contraria os interesses norte –americanos o banco do BRICS. “O banco tem um fundo de estabilização econômica que afeta diretamente os interesses do Fundo Monetário Internacional (FMI), EUA e Inglaterra”, comentou.
Na opinião de Berzoini, não há motivo para o Brasil brigar com os EUA, mas há razões para que o País possa buscar alternativas conforme seus interesses nacionais, ampliando seu leque de alianças em sintonia com a prática do multilateralismo . Entretanto, a prática do governo interino golpista é o oposto da dos governos Dilma e Lula. “Em vez de o Brasil ocupar um lugar como liderança no mundo, querem nosso pais como subalterno principalmente aos interesses dos EUA”, comentou o ministro.
Outro exemplo de entreguismo do governo golpista Temer é insistência em aprovar projeto do chanceler e senador José Serra (PSDB-SP) que abre o pré-sal para as petroleiras estrangeiras. Foi a Petrobras que investiu bilhões de reais para encontrar e explorar uma das maiores reservas de petróleo do planeta. O governo Lula mudou a lei e aprovou o regime de partilha para a exploração do pré-sal, com papel estratégico para a Petrobras. No regime de concessão, o concessionário é dono de todo o petróleo que produz. Já no regime de partilha, o Estado é o dono do petróleo produzido e, no caso, a Petrobras é a exploradora única do pré-sal, embora possa se associar com outras empresas, inclusive estrangeiras.
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