Inovação tecnológica é rota para desenvolvimento sustentável, defendem cientistas

cntiSe o Brasil quiser construir um novo projeto de desenvolvimento sustentável para a Amazônia, para a indústria, para a agricultura e para os próprios padrões culturais da sociedade, em todos os casos, a inovação deverá ser o eixo central da transformação. A análise foi feita pelos participantes da plenária de abertura da 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), que começou na quarta-feira , em Brasília.

Com o tema “Política de Estado para Ciência, Tecnologia e Inovação com vistas ao desenvolvimento sustentável”, o evento reúne milhares de participantes até sexta-feira, dia 28.

Na abertura da conferência, o presidente Lula defendeu investimentos em pesquisas científicas e prometeu mais recursos para o Ministério de Ciência e Tecnologia no Orçamento.

Lula conclamou ainda os cientistas a criarem mecanismos para controlar os recursos oferecidos.

O presidente afirmou ainda que o Brasil mudou a visão sobre a necessidade de se investir em tecnologia. “A gente conseguiu mudar um pouco a história, sendo teimoso. Antes fazer ciência era arte de ser teimoso. Hoje é a arte de fazer ciência num país que tem política de ciência. A prioridade é investimento em educação, ciência e tecnologia. Temos que exportar inteligência, conhecimento”, defendeu.

Desenvolvimento sustentável – De acordo com Bertha Becker, professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Amazônia – área estratégica para o país e modelo por excelência para o estudo dos conflitos entre preservação ambiental e crescimento econômico – tem hoje duas propostas de projetos de desenvolvimento sustentável.

“Um desses projetos, que está associado às mudanças climáticas, tem predominado. Sua prioridade é evitar a emissão de gases de efeito estufa e implementar o mercado de carbono. É basicamente um projeto de compensação para países desenvolvidos que poderão continuar sendo os maiores emissores”, disse. O outro projeto entende o desenvolvimento sustentável como um novo padrão de desenvolvimento baseado na ciência, na tecnologia e na inovação.”O desafio, nesse caso, é utilizar os recursos naturais sem destruí-los, gerando emprego e renda para os milhões de habitantes da região. Para isso, vamos ter que mudar o padrão de desenvolvimento da Amazônia”. Base educacional – Segundo Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, professor titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a ciência e a inovação têm uma missão ainda maior que o estabelecimento de uma economia sustentável. Será preciso contribuir com a construção de um novo modelo de sociedade. “Nos últimos anos, o sistema financeiro se tornou uma finalidade em si e desvirtuou os investimentos em tecnologia. Tivemos uma concentração do risco e, mesmo tendo avaliações prévias de que haveria um colapso financeiro, não fomos capazes de impedi-lo. Não estamos diante de uma mera crise financeira: uma análise mais profunda revela uma crise do padrão de convivência da sociedade contemporânea”, afirmou.

Segundo o também professor das Faculdades de Campinas, a crise estrutural do modelo construído nos últimos 60 anos e radicalizado na década de 1980 gerou ao mesmo tempo uma escalada do consumo e da desigualdade. “O Brasil é quase uma exceção, já que conseguiu fazer o mínimo para reduzir a desigualdade. Mas estou assustado com a degradação cultural da sociedade. Basta olhar os fóruns na internet para ter noção do grau de isolamento e agressividade das pessoas que se manifestam anonimamente. Isso não está dissociado do meio ambiente – esse comportamento faz parte de um padrão civilizatório que precisa ser mudado”, afirmou.

Para pensar em inovação e desenvolvimento, segundo Belluzzo, será preciso cuidar do aperfeiçoamento cultural dos brasileiros e da inclusão social e cultural dos jovens da periferia. “Estamos, aqui falando de inovação, mas é preciso destacar que a inovação precisa começar pela base cultural e educacional”, disse.

Recursos naturais – Na avaliação de Pedro Luiz Barreiros Passos, presidente do Instituto de Educação e Inovação (Iedi), a economia do Brasil vive um bom momento, mas ainda está baseada em exportação de recursos naturais, em vez de produtos manufaturados com alto valor agregado.

“Temos a oportunidade de fazer uma transição para uma economia de baixo carbono, com aumento da eficiência energética e do transporte. Para isso, os padrões do uso de transportes terão que mudar de forma associada aos investimentos nas tecnologias de bioenergia, novos materiais e processos produtivos. Mas temos que ser ambiciosos e buscar a liderança mundial em bioenergia, química verde, alimentos sustentáveis e outras áreas que são nossa vocação”, disse.

Revolução verde – José Geraldo Eugênio de França, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, destacou que o Brasil passou por uma revolução verde e, hoje, a agricultura representa quase um terço da economia do país, empregando 40% da população.

Segundo França, os pesquisadores são responsáveis pelo redesenho de uma nova agricultura menos dependente dos insumos, com maior produtividade baseada na biotecnologia e na nanotecnologia.

de agências

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