O deputado Bohn Gass (PT-RS) afirmou durante pronunciamento no plenário da Câmara, nesta terça-feira (28), que dentre os muitos retrocessos advindos do golpe que afastou Dilma Rousseff da presidência da República está o enfraquecimento da agricultura familiar no Brasil. De acordo com o parlamentar, os primeiros sinais já podem ser percebidos com a extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário, “e sua transformação em um organismo menor, sem peso político e com menos investimentos”, além da consequente redução de investimentos públicos no setor.
“Sim, queridos colonos e colonas, podem ter certeza: com os golpistas no poder, o crédito para a agricultura familiar vai diminuir. Sabem por quê? Porque Temer tem de pagar a conta do apoio ao golpe com a bancada ruralista. E a bancada ruralista não tolera a ideia de disputar as verbas públicas com a agricultura familiar. E não tolera, também, a ideia de disputar mercado”, explicou.
Segundo Bohn Gass, com Lula e Dilma os trabalhadores rurais começaram a incomodar a visão monopolista do agronegócio quando começaram a ocupar uma parte significativa do mercado.
“Isso mesmo, para essa gente que tomou o poder, lugar de agricultor familiar é na subsistência. Nada de querer se emancipar, de competir”, destacou.
Durante o discurso, Bohn Gass ressaltou que os ex-ministros do Desenvolvimento Agrário Miguel Rosseto, Guilherme Cassel e o atual deputado Pepe Vargas (PT-RS) também alertaram para o perigo de retrocessos na agricultura familiar, durante encontro realizado nesta segunda-feira (27) no Rio Grande do Sul.
De acordo com Bohn Gass, os ex-ministros afirmaram “que o fim do MDA era uma exigência dos poderosos da velha elite mesquinha brasileira do campo, o latifúndio”.
Na avaliação do parlamentar gaúcho, o MDA não apenas aumentou em 500% o crédito do Pronaf para o setor, mas também articulava políticas de moradia rural, de infraestrutura, de mecanização e até do ensino superior.
“O que está em jogo é, na verdade, a estratégia de desenvolvimento: a nossa, não apenas aumentava a renda dos trabalhadores rurais, mas dava a eles acesso a uma melhor qualidade de vida. E isso, ah, isso ia acabar fazendo com que esses trabalhadores rurais se qualificassem e se tornassem concorrentes verdadeiramente fortes”, ressaltou.
Reação– Ao finalizar o pronunciamento, Bohn Gass disse que a única forma de virar o jogo é tirar os golpistas do poder.
“Ou acabamos com o golpe e voltamos a construir o Brasil para os brasileiros ou o Brasil dos golpistas volta a ser aquele país em que uns poucos ganham muito e mandam em tudo, e muitos, entre eles os mais de 4 milhões de famílias agricultoras, ganham pouco e não têm poder algum”, finalizou.
Héber Carvalho
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