O advogado da defesa da presidenta Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, em entrevista coletiva na tarde de quinta-feira (23), recomendou que o atual ministro da Justiça, Alexandre Moraes, ouça os áudios do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, para concluir quem, efetivamente, tem interesse em obstruir e acabar com a Operação Lava Jato.
José Eduardo Cardozo fez essa observação porque nesta quinta, segundo jornalistas, o atual ministro da Justiça, ao contrário dos fatos, disse que o governo Dilma Rousseff “nunca contribuiu para o avanço da Operação Lava Jato e o combate à corrupção”.
O advogado de Dilma foi elegante ao dizer que Alexandre Moraes precisa de um discurso político para se justificar.
Cardozo – E é verdade, porque quem quer paralisar a Lava Jato não é Dilma e por isso ela representa o obstáculo. E quem foi até Curitiba para conversar com integrantes do Ministério Público e com o juiz Sérgio Moro não foi José Eduardo Cardozo e ninguém do governo legítimo de Dilma. Alexandre Moraes esteve lá, posou para fotos, bajulou e foi bajulado, algo impensável de acontecer no governo Dilma. Abaixo a entrevista:
Repórter – O atual ministro da Justiça deu uma declaração no Palácio do Planalto dizendo que o governo Dilma Rousseff nunca contribuiu para o avanço da Operação Lava Jato e o combate à corrupção. O senhor se sente injustiçado pessoalmente?
Cardozo – O atual ministro da Justiça está fazendo um discurso político que não condiz com a verdade. Basta ver o que foi feito. Aliás, as acusações que eu tinha de várias pessoas dessa base governista, que eram dirigidas à Dilma Rousseff é de que não houve obstrução. Se o atual ministro tem dúvidas, ele podia ouvir os áudios em que pessoas, lideranças, falam exatamente que Dilma tinha que sair porque a sangria tinha que parar. Se o ministro tem alguma dúvida, deve ouvir os áudios.
Repórter – O ministro da Justiça está sendo ingrato com o senhor, porque ele o elogiou porque nunca interferiu na Lava Jato?
José Eduardo Cardozo – O secretário Alexandre é meu amigo há muitos anos. Demos aulas juntos. Temos uma excelente relação pessoal, mas ele tem que fazer um discurso político. No momento que um governo é acusado publicamente de nomear pessoas investigadas e ao mesmo tempo ter sido colocado no Ministério para fazer uma pactuação para parar a Lava Jato tem que se encontrar um discurso político e o ministro está cumprindo o seu papel e eu entendo e respeito.
Repórter – Essa operação de hoje da Polícia Federal pode desviar as atenções do processo de impeachment?
José Eduardo Cardozo – A defesa não vê qualquer interferência. É evidente que os fatos que estão sendo objeto de investigação dessa operação não têm nada a ver com os fatos discutidos. Não tem absolutamente nada a ver com os fatos. Portanto, não vejo o que possa determinar algum tipo de avaliação sobre as denúncias colocadas nesse processo.
Repórter – Mas a senadora Gleisi Hoffmann é muito combativa na comissão do impeachment. Isso pode enfraquecer a bancada petista na defesa da presidenta Dilma Rousseff?
Cardozo – A senadora Gleisi Hoffmann é combativa, competente. Ela vai continuar exercendo seu papel. Desconheço os termos que originou a operação, mas tenho certeza que a senadora Gleisi tem força interior e saberá enfrentar esse momento. Reforço que não li a decisão. Não sei porque foi determinada a prisão preventiva de Paulo Bernardo.
PT no Senado
Foto: Gustavo Bezerra
Mais fotos: www.flickr.com/photos/ptnacamara