O reconhecimento de que o impeachment da presidenta Dilma Rousseff é um golpe contra o Brasil está sendo unanimidade entre os parlamentares reunidos na Assembleia Parlamentar Euro-Latino Americana (EuroLat), que acontece em Lisboa (Portugal), nesta semana.
Segundo vários senadores brasileiros, participantes da Assembleia que, anualmente, reúne os parlamentos latino-americanos e europeu, até mesmo a direita da Venezuela manifestou estranhamento e críticas aos recentes acontecimentos no Brasil.
“Neste primeiro dia da EuroLat, o que me impressionou foi a visão unânime sobre o golpe no Brasil. Apenas dois parlamentares brasileiros defenderam o impeachment. Até mesmo a oposição ao governo Maduro, na Venezuela, está contra [o golpe]. Ninguém defende o que está acontecendo no Brasil”, relata o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
A reação foi manifesta, também, entre os parlamentares conservadores. “Todos estão estranhando o que está acontecendo no Brasil e fazem questão de manifestar sua preocupação. E não é só manifestação de gente de esquerda não. Os parlamentares de direita, dos partidos conservadores europeus estão condenando o que está acontecendo. Foi muito forte”, conta.
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) conta que esperava “um apoio significativo”, mas acabou surpreendida pela unanimidade contra o golpe entre os parlamentares. “Com exceção dos dois delegados do Brasil, ninguém apoia o golpe. Até a oposição da Venezuela disse não concordar com o que está acontecendo no Brasil”.
“Até mesmo os partidos mais conservadores. Eles têm uma ideia muito clara do que está acontecendo e estão muito preocupados porque sabem que as mudanças no Brasil vão refletir diretamente em seus países”, complementou. Ela também destacou o Fórum das Mulheres, ocorrido no evento. “Foi levantado um comunicado de protesto e as mulheres vão assinar uma moção denunciando a falta de diversidade de gênero no Ministério brasileiro. Não há nenhuma mulher. Isso é inadmissível”.
Já a senadora Lídice da Mata (PSB – BA) afirmou que o parlamento latino-americano deixou muito claro que o atual governo brasileiro “é uma ameaça às conquistas democráticas no Brasil e até na América”.
Segundo a senadora, “a importância das relações estabelecidas pelo Brasil com esses países faz com que todos tenham grande insegurança em relação às novas relações”. Ela também adiantou que será feita uma moção contra o golpe no Brasil.
O senador Roberto Requião (PMDB-PR), por sua vez, destacou que “o setor latino-americano foi unânime contra o golpe, demonstrando uma consciência democrática muito grande. Até o pessoal da direita da Venezuela se posicionou contra”.
A EuroLat é composta por 75 parlamentares da Europa e 75 da América Latina e os encontros são anuais.
Co-presidente da EuroLat, o senador Requião fez um contundente pronunciamento contra as políticas neoliberais que sufocam o desenvolvimento da América Latina. “Venho de um país em convulsão. Venho de um continente em transe”, afirmou, lembrando que a “realidade momentânea” não se trata de “um cenário fortuito”, mas de uma “longa, secular e dolorosa história de agruras, angústias e tragédias”.
Denunciando que o que chamamos de capitalismo está muito mais para “escravidão econômica”, o senador brasileiro destacou que “o mundo velho dos impérios, das corporações transnacionais que trituram povos, países, sonhos e vidas precisa ser contido sob pena da extinção da própria humanidade”.
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