O programa Mais Médico, criado no Governo Dilma, que conta atualmente com 18.240 médicos em 4.058 municípios e 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas, levando assistência para cerca de 63 milhões de pessoas, corre o risco de sofrer um grande retrocesso no governo ilegítimo de Michel Temer. Ao assumir interinamente o Ministério da Saúde, Ricardo Barros, já anunciou sua intenção de rever as regras do programa e priorizar a contratação de médicos formados no Brasil.
“Isso seria uma sentença de morte para o programa”, afirmou o ex-secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Hêider Pinto que era um dos responsáveis pelo programa. Ele participou da reunião da coordenação da Bancada do PT nesta terça-feira (17), para falar da sua preocupação com os rumos do Mais Médico. Ele explicou que dos 18.240 médicos do programa, cerca de 13 mil são estrangeiros, sendo 11mil e 500 cubanos. “Se foram retirar os médicos estrangeiros, cerca de 40 milhões de brasileiros que pela primeira vez estão contando com um atendimento de saúde de qualidade voltarão a não ter mais essa assistência”, alertou.
Hêider Pinto informou ainda que o pagamento dos médicos cubanos é feito por meio de contrato com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e que é bimensal. “Deixamos assegurado os recursos orçamentários para o pagamento de maio e junho mas, infelizmente, não sabemos o que pode acontecer depois disso” lamentou.
Além do apoio dos parlamentares, Hêider Pinto disse que contará com a mobilização dos movimentos sociais, da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), da Associação Brasileira de Municípios (ABM) e do Conselho Nacional de Saúde (CNS) para impedir o retrocesso e o fim do programa. “A população não aceitará não ser cuidada com dignidade, a não ter atendimento médico perto de sua casa”, afirmou, acrescentando que pesquisas recentes revelaram que 73,9% da população é a favor de médicos estrangeiros no programa Mais Médicos.
Apoio – A coordenação da bancada apoiará a luta pela manutenção do Mais Médico. “Acabar com o programa é um absurdo, um acinte a tantos brasileiros e brasileiras que, pela primeira vez, passaram a receber atendimento médico de qualidade”, afirmou a deputada Maria do Rosário (PT-RS).
Vânia Rodrigues
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