Temporário, ilegítimo e golpista foram as denominações dadas a um eventual governo do vice-presidente Michel Temer que, se confirmado pelo Senado nesta quarta-feira (11), chegará à Presidência da República sem ter conquistado um voto sequer, a partir de um golpe. Esse é o entendimento de um grupo de parlamentares que compõem a Frente Parlamentar em Defesa da Democracia e que criaram, hoje, o movimento de resistência à coalisão golpista que promoveu o maior estelionato eleitoral que o País já testemunhou para destituir a presidenta Dilma Rousseff, eleita democraticamente.
“Esse governo Temer não tem legitimidade. É um governo golpista e nós vamos fazer oposição cerrada a ele. Essa oposição já está sendo feita, antes mesmo da sua posse ilegal”, afirmou o líder da Bancada do PT, deputado Afonso Florence (BA). Ele lembrou também que o governo que está sendo montado e as medidas anunciadas confirmam que, além de golpe à democracia, é também golpe às conquistas econômicas, trabalhistas e sociais do povo brasileiro.
“Esse governo que se avizinha é um governo ilegítimo pela sua origem maculada, pela forma como o deputado Eduardo Cunha, afastado da Presidência da Câmara pelo STF por 11 votos a zero, num afastamento tardio, acatou o processo numa chantagem nacional para tentar se blindar”, denunciou o líder petista. “É um golpe! Não há crime de responsabilidade e esse governo representa um ataque às conquistas dos brasileiros, principalmente daqueles mais carentes, que mais precisam”, observou Florence.
Para a presidenta nacional do PC do B, deputada Luciana Santos (PE), uma das articuladoras do movimento, a partir de hoje, O Brasil vai viver uma situação inusitada. “Vamos ter uma presidenta legítima, eleita com 54 milhões de votos e, por outro lado, um presidente que não teve um voto nas urnas e conspirou para chegar a essa situação”, lamentou a deputada comunista.
“Temos a necessidade de travar a luta política e de debates de ideia na sociedade. Está em marcha um projeto que foi derrotado nas ruas e que agora tem o nome de Ponte para o Futuro – que nada mais é que a ponte para o passado neoliberal de restringir direitos e conquistas”, afirmou Luciana Santos.
Para o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), independentemente do afastamento, o mandato da presidenta Dilma Rousseff termina no dia 31 de dezembro de 2018. “Nós não reconhecemos qualquer governo fruto de um golpe institucional, ainda mais numa aliança com um grupo criminoso representado por Eduardo Cunha”, anunciou Pimenta, que fez questão de alertar ainda que nenhum documento assinado por Michel Temer terá validade. “Será um documento nulo, documento fruto de um golpe. A assinatura dele não tem valor. Ele, para nós, não é presidente – não será tratado como presidente”, assinalou.
Já o deputado Henrique Fontana (PT-RS) disse que a bancada do PT e os partidos de esquerda farão oposição enquanto durar “o temporário e ilegítimo governo Temer”. Ele lembrou que até a sociedade brasileira desaprova o nome de Temer para presidir o País. “As últimas pesquisas mostram que apenas 8% da população brasileira apoia a presença de Temer na presidência da República. Então, ele é um presidente extremamente isolado, ilegítimo porque seu mandato nasceu de um golpe”, salientou Fontana.
O petista fez questão de chamar a atenção para a fragilidade da base parlamentar construída por Michel Temer. De acordo com Fontana, a maioria parlamentar foi construída à custa de farta distribuição de cargos e ministérios em troca de apoio à trama de impeachment engendrada pelo sócio e parceiro Eduardo Cunha para que a elite retornasse ao poder.
“O povo brasileiro vai perceber, cada vez mais, que a partir de um grande acordo das velhas elites , retiradas do governo quando começou a gestão do ex-presidente Lula, tramaram um grande acordão parlamentar para voltar temporariamente e sem legitimidade”, denunciou Henrique Fontana.
Benildes Rodrigues
Foto: Lucio Bernardo Junior/Agência Câmara