Em pronunciamento na tribuna da Câmara, nesta quinta-feira (14), o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) chamou a atenção para o risco que o País corre caso o golpe perpetrado pela oposição prospere. Na avaliação do parlamentar, além de afastar Dilma, o golpe em curso na Câmara pretende substituir a vontade 54 milhões de eleitores e transformar Eduardo Cunha em presidente da República. “Imaginem, numa necessidade de substituição do Temer, o que nos oferecem os colegas? A chance de Eduardo Cunha assumir a Presidência da República”, alertou Pimenta.
Conforme lembrou Pimenta, Eduardo Cunha, pelos crimes que lhe são imputados, já deveria ser afastado do cargo que exerce na Câmara. De acordo com o deputado, Cunha “não reúne mais condições políticas, éticas, jurídicas e morais para presidir esta Casa”.
O parlamentar denunciou que todo esse cenário político que o povo brasileiro testemunha neste momento, faz parte de “negociata” entre setores da oposição e o presidente da Câmara, que teve o seu início no dia 24 de novembro do ano passado. Foi nesse período, lembrou o deputado, que os líderes da oposição anunciaram que entrariam em obstrução, e deixariam de obstruir, quando Eduardo Cunha fosse afastado da Presidência da Câmara.
“Esse gesto de coragem dos líderes da oposição não durou uma semana. No dia 2 de dezembro, quando Eduardo Cunha foi ao Salão Verde e anunciou que estava abrindo processo de impeachment, imediatamente a oposição saiu da obstrução e passou a dar a Eduardo Cunha os votos necessários para que fosse absolvido no Conselho de Ética desta Casa”, relatou Pimenta, lembrando toda a trama ardilosa que resultou na tramitação do golpe em curso.
A comprovação dessa trama, segundo o parlamentar petista, ocorreu nesta semana, quando o primeiro relator do Conselho de Ética, deputado Fausto Pinato (PP-SP) que havia denunciado ter recebido ameaças de morte, renunciou à sua vaga no Conselho de Ética. Conforme relatou Pimenta, o deputado será substituído, de maneira definitiva, para que Eduardo Cunha, antes da votação do impeachment, tenha a maioria necessária dos votos para ser absolvido no Conselho de Ética. “É essa a primeira etapa desse golpe, dessa negociata, envolvendo os partidos da oposição, o presidente desta Casa, Eduardo Cunha”, alertou.
Falácia – Para o petista, a tese sustentada pela oposição para tentar cassar o mandato da presidenta Dilma não passa de falácia. “Todos aqui sabem que é uma falácia, que é uma mentira, tentar justificar a cassação da presidenta por conta da frágil denúncia apresentada nesta Casa”.
“O relator na comissão que analisou o processo de impeachment apresentou um relatório que fugiu da denúncia, que é frágil, que é inconsistente. E é por isso que nós estamos questionando no Supremo Tribunal Federal os aspectos aqui levantados”, sustentou.
Paulo Pimenta disse também que, apesar de todo aparato midiático-empresarial para alavancar o golpe, a narrativa golpista não prosperou. “Mesmo com a avalanche midiática, especialmente da grande Rede Globo, a grande narradora deste golpe – mesmo com os milhões de reais investidos pela FIESP – nesses movimentos golpistas, nós temos votos em todos os partidos que compuseram, neste último período, a base do Governo”.
“Se a oposição tivesse os votos necessários, não teria necessidade de estar aqui tentando manobrar o Regimento, mudando a ordem da votação. E fazem isso porque sabem que não tem os votos e serão derrotados pela democracia aqui, no próximo domingo”, assegurou Pimenta.
Benildes Rodrigues
Foto: Gustavo Bezerra/PT na Câmara
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