O áudio vazado por Michel Temer, nesta segunda-feira (11), expõe publicamente a conspiração urdida dentro do Palácio do Jaburu – residência da vice-presidência da República – contra a presidenta Dilma Rousseff. Esta é a opinião de parlamentares petistas e de autoridades do governo, como o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini.
“Estou estupefato. Ele está confundindo a apuração de eventual crime de responsabilidade da presidente Dilma com eleição indireta. Está disputando votos e transformou o processo numa eleição indireta para conseguir votos em favor do impeachment. Esse áudio demonstra as características golpistas do vice”, disse Berzoini.
Na avaliação do ministro-chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República, Jaques Wagner, existe grande rejeição a um eventual governo Temer porque seu nome está associado à tentativa de golpe contra a presidenta Dilma Rousseff. “Para o vice Michel Temer, é claro que ficou a marca de uma espécie de patrocinador do golpe porque a rua diz que ele tem mais rejeição do que a própria presidenta Dilma”, apontou Wagner.
Para o líder do PT na Câmara, deputado Afonso Florence (PT-BA), Temer é um traidor e o áudio divulgado – no qual ele ensaiava um eventual discurso de posse – é a “prova final” de que o golpe perpetrado por Eduardo Cunha e Aécio Neves teve a colaboração direta do vice-presidente da República. “Ele antecipa o resultado de uma votação que não aconteceu e diz que vai acabar com o Bolsa Família dizendo que não vai acabar. Ele se atrapalha todo, é patético. Vai entrar para a história porque supera aquela carta famosa de dezembro passado e vira o mico da história do golpe contra os trabalhadores brasileiros”, afirmou Florence.
“Michel Temer conseguiu se superar em relação à sua carta e superou FHC em 1985, quando sentou na cadeira de prefeito de São Paulo, pensando que ganharia a eleição de Jânio Quadros. Os golpistas realmente estão desesperados”, observou o líder petista.
O célebre episódio envolvendo o ex-presidente tucano foi lembrado também pelo deputado Leo de Brito (PT-AC). “Um dia FHC sentou na cadeira de prefeito… e todo mundo lembra o que aconteceu”, recordou o parlamentar acreano.
Quem também usou da ironia para criticar o novo movimento de Temer foi o deputado Wadih Damous (PT-RJ). “Conheço cheque pré-datado. Presidente pré-datado é golpe!”, publicou em seu perfil no Twitter o deputado do Rio de Janeiro.
Também no Twitter, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) classificou de “patéticas” as declarações do vice. “Para sentar na cadeira de presidente da República é preciso ter voto!”, lembrou Zarattini.
Mesmo na grande mídia, o ato de Temer foi criticado e considerado prejudicial às pretensões golpistas. “Surgiu o fato novo. E ele favorece a Dilma: o áudio de Temer, divulgado acidentalmente, é um tiro mortal no impeachment. A oposição, disseram-me agora alguns de seus líderes, está perplexa com o vazamento da fala do Temer, logo ele, um homem reservadíssimo”, escreveu o jornalista Jorge Moreno, do jornal O Globo, em sua conta no Twitter.
Rogério Tomaz Jr.