Parlamentares da Bancada do PT ocuparam a Tribuna nesta terça-feira (29) para rechaçar a “tentativa de golpe” em curso no país. Os petistas também lamentaram a atitude da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em “chancelar um golpe institucional ” ao defender o impeachment.
O deputado José Airton Cirilo (PT-CE) classificou como “absurdo” a tentativa da OAB. “A OAB querer chancelar um impeachment sem haver crime é algo absurdo, com o qual não podemos concordar. E dezenas e dezenas de juristas do País como um todo têm se colocado contrariamente a essa posição da Ordem, que, aliás, no passado, depois de ter apoiado o golpe militar no País, fez uma autocrítica”.
Para o deputado Leonardo Monteiro (PT-MG), o impeachment que “tentam” implantar não tem justificativa. “Há uma preocupação muito grande da imprensa e da oposição, liderada pelo PSDB, de justificar o não golpe, o impeachment que tentam implantar sem justificativa nenhuma. Essa decisão da OAB pode ser até legal, mas é ilegítima do ponto de vista de caracterizar um argumento que possa legitimar o processo de impeachment. Portanto, nós queremos contestar esse processo”, ressaltou o petista.
A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) ressaltou a importância do lançamento do Comitê Pró-Democracia do Congresso Nacional. “Neste cenário de crise e das recentes ameaças ao estado democrático de direito no país tivemos, ontem, nesta Casa, o lançamento deste comitê formado por organizações da sociedade civil, servidores públicos, mandatos parlamentares e partidos políticos que defendem o respeito à democracia. E, por entenderem que não há fundamento legal que justifique o impeachment, posicionam-se contrários a esse processo”, disse.
Já o deputado Nilto Tatto (PT-SP) registrou a insatisfação de milhares de advogados com a decisão da OAB. “Tenho recebido grande quantidade de mensagens de colegas advogados que não admitem e não aceitam a decisão da OAB de fazer coro com aqueles que querem o impeachment da Presidenta da República sem base legal, desrespeitando a Constituição Federal. A OAB, que tem como princípio zelar pela Constituição, acabou adotando tal atitude. E eu gostaria de perguntar à OAB qual crime a presidente cometeu. Será que o seu crime maior foi ter feito com que milhões de jovens pobres e negros acessassem o curso de Direito? Querem uma OAB elitista e elitizada?”, questionou.
Também o deputado Marcon (PT-RS) manifestou sua posição contrária ao impeachment. “Quero expressar a minha posição fechada contra o impeachment, contra o golpe, pela democracia. Se isso acontecer, Michel Temer torna-se Presidente da República e seu vice é Eduardo Cunha, que é réu; Eduardo Cunha, que tem conta no exterior, que tem mais de uma dúzia de contas, que mentiu, que não falou a verdade na CPI da Lava-Jato. Quero aqui relatar isso e chamar o povo brasileiro: não ao golpe e sim à democracia!”, afirmou o petista.
O deputado Zé Geraldo (PT-PA) chamou a atenção para o risco de uma “ruptura democrática”. “Aqueles que estão se decidindo pelo impeachment que tomem juízo, porque não podemos matar a nossa jovem democracia brasileira. É muito importante que tenhamos, todos nós brasileiros, clareza da gravidade dos fatos em curso na nossa nação. E os elevados riscos que corremos no caso de uma ruptura democrática. Este momento de profunda turbulência nacional necessita de nossa união para que não se estabeleça um crime contra a democracia. Contra os brasileiros. Está a cada dia mais claro que os descontentes perdedores das urnas querem ganhar no grito. No Golpe Parlamentar. O Brasil e a história não perdoarão os coveiros da liberdade que insistem em tentar enterrar a democracia viva. Não vai ter golpe”, enfatizou.
Gizele Benitz
Foto: Lula Marques