Em discurso na tribuna da Câmara nesta terça-feira (15), o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) criticou a “histeria” da oposição de direita por querer impedir que o ex-presidente Lula assuma um cargo de ministro no governo federal. O petista lembrou que o ex-presidente não teme ser investigado, ao contrário de alguns líderes tucanos, como o candidato do PSDB derrotado em 2014, Aécio Neves, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
“Hoje à tarde houve aqui uma entrevista coletiva no Salão Verde com Líderes da Oposição e líderes de alguns desses movimentos que lutam pela volta dos militares, a favor do golpe no Brasil. Era algo quase histérico o desespero diante da notícia de que o Presidente Lula pode voltar a integrar o Governo. Ora, a presença do Presidente Lula em qualquer Governo é um orgulho para este País. O Presidente Lula jamais viria para o Governo para não ser investigado, até porque, se a Justiça quiser investigá-lo, o STF ou qualquer órgão do Judiciário assim poderá fazê-lo”, afirmou Pimenta.
“Quem foge da investigação neste País é o Senador Aécio Neves, que já foi citado por seis delatores — seis delatores —, mas até hoje não respondeu a um inquérito, não foi investigado sobre Furnas, sobre seu ‘um terço’, sobre todos os delatores que têm contado a sua história, sobre a denúncia da sua conta em Liechtenstein”, disse o parlamentar gaúcho.
Pimenta citou os cinco imóveis revelados como pertencentes a FHC e questionou por que isso não preocupou a mídia ou os órgãos de investigação. “O Presidente Fernando Henrique Cardoso, só nos últimos dias, já informou ao Brasil cinco imóveis: um apartamento recentemente adquirido em São Paulo para a sua atual companheira; um apartamento de 200 mil dólares em Barcelona para o seu filho; um grande apartamento em Higienópolis, que comprou de um banqueiro que era sócio do seu genro numa consultoria na Agência Nacional do Petróleo. Agora, surgiu a notícia de um apartamento em Nova York e uma fazenda em Buritis”, ilustrou o petista.
“Um ex-Presidente que é um professor aposentado com todo esse patrimônio? E o Ministério Público não fica preocupado? A Polícia Federal não fica preocupada? A imprensa acha normal?”, indagou o petista.
Sobre a eventual presença de Lula no governo, Pimenta disse que isto significará “um reforço nas relações da Presidenta Dilma com a sua base social” e sua liderança ajudará o País a enfrentar crise econômica. “A presença do Lula, com a sua energia, com a sua liderança, certamente vai fazer com que nós possamos ter um Governo ainda melhor. E isso levou a Oposição ao desespero!”, ironizou o petista, que ainda lembrou que os oposicionistas “não se conformam de terem perdido quatro eleições: primeiro, duas vezes para um operário; depois, duas vezes para uma mulher”.
Protestos – Pimenta disse ainda que as manifestações golpistas do dia 13 representam apenas “um pequeno segmento” da sociedade brasileira e não podem ser usadas como argumento para o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. “Talvez seja 3%, 4% da população brasileira, ou menos do que isso. Segundo as pesquisas, 77% têm curso superior; 92% são brancos, em sua maioria esmagadora ganhando mais de 10 salários mínimos. Sinceramente, é uma representação distorcida do que é o povo brasileiro de uma forma geral”, citou o parlamentar.
Pimenta criticou os parlamentares da oposição conservadora que pretenderem usar a dimensão das manifestações como justificativa para o golpe contra a presidenta. “No regime democrático, a Constituição brasileira estabelece que a alternância de poder se dá com o voto! A presidenta Dilma fez 54 milhões de votos. Não é pelo fato de que 400 mil ou 500 mil pessoas fizeram uma manifestação que se justifica que a Constituição seja rasgada! Se os senhores da Oposição pretendem voltar um dia a governar este País, terão que nos derrotar na urna, no voto”, disse o deputado.
“Em 1964 também houve passeatas com 500 mil pessoas, com 1 milhão de pessoas. E no que resultou essa tentativa de vender para a sociedade brasileira a ideia de que uma manifestação justifica o golpe? Nos anos sombrios da ditadura, nos anos da ditadura militar”, complementou Pimenta.
Rogério Tomaz Jr.
Foto: Gustavo Lima/Agência Câmara