Apesar de terem convocado e emprestado apoio político às manifestações realizadas neste domingo (13) contra a presidenta Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula e o PT, vários políticos de oposição conservadora que tentaram pegar carona nos atos foram hostilizados em diversos locais do País. Impedidos de discursar, xingados e questionados por manifestantes, eles experimentaram um pouco dos efeitos do clima de criminalização da política que ajudaram a disseminar.
Na Avenida Paulista, em São Paulo, o candidato derrotado à presidência em 2014 e presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), e o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), desistiram de discursar no carro de som do Movimento Brasil Livre (MBL), um dos organizadores do protesto.
Entre outros “elogios”, ouviram palavras como “oportunistas”, “Alckmin, ladrão de merenda”, “Aécio, o próximo é você”, “Fora Aécio” e “Fora Alckmin”. Os dois chegaram a entrar no trio elétrico, mas não utilizaram a área externa e foram embora 15 minutos após terem chegado.
No Rio de Janeiro, apesar de abrir o discurso se posicionando a favor do impeachment, o deputado Índio da Costa (PSD-RJ) foi impiedosamente vaiado pelos populares. Em Salvador, o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) também ouviu vaias e ofensas durante seu breve discurso em cima do trio elétrico.
Já em Brasília, a maioria dos parlamentares presentes evitou discursar. O pastor Silas Malafaia, orador escalado para encerrar o ato, foi vaiado pelo público presente na Esplanada dos Ministérios e fez um breve discurso de poucos minutos.
Para o líder do PT na Câmara, deputado Afonso Florence (BA), a postura da direita brasileira, que preconiza o golpe desde o dia seguinte ao segundo turno das eleições de 2014, está colhendo os resultados de suas atitudes. “Não é à toa que, em São Paulo, num ato chamado pelo PSDB, pelo DEM, por grandes empresários, eles [líderes da direita] foram postos para correr como corruptos. Eles estão colhendo o reconhecimento da própria base social que quer o golpe de que também precisam ser investigados e não podem permanecer blindados”, afirma o líder.
Em sua conta no Twitter, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), comentou os episódios. Para Dino, a hostilização da direita que ajudou a convocar os atos representa “a vitória da ‘antipolítica’”, fato para o qual ele diz estar alertando há meses. “E há quem continue a caminhar alegremente para o abismo. Espero que isso faça com que eles reflitam sobre o perigoso crescimento do fascismo no Brasil”, observou Dino.
PT na Câmara com agências
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