O líder do PT na Câmara, deputado Afonso Florence (BA), criticou os protestos da oposição de direita contra a mudança feita pela presidenta Dilma Rousseff no comando do Ministério da Justiça, trocando José Eduardo Cardozo pelo procurador Wellington Cesar Lima e Silva, ex-chefe da Procuradoria-Geral do Estado da Bahia.
Florence disse que as manifestações da oposição conservadora “causam perplexidade” aos democratas e associou as críticas da direita à campanha contra o governo Dilma e contra o ex-presidente Lula. “A Presidenta da República foi eleita, tem legitimidade, governa o País, para o desgosto dos golpistas e reacionários, que não se conformam com a quarta derrota consecutiva e montam um espetáculo dantesco de ataque à democracia, através do ataque ao mandato legítimo da Presidenta da República e à imagem pública, à pessoa, à honra do maior presidente da história do Brasil, o presidente Lula”, afirmou o parlamentar.
“O ato da Presidenta da República de nomear um Procurador de Estado Ministro da Justiça, questionado por associações de servidores, pelo jornal O Globo, pela oposição, deveria ser comemorado. Mais uma vez teremos um Ministro da Justiça que atuará no estrito rigor da lei. Acusar o PT ou o Presidente Lula de ter feito a troca de Ministros é tergiversar, é querer enganar a opinião pública. É uma decisão da Presidenta”, acrescentou Florence, que não poupou críticas ao passado golpista do jornal da família Marinho que se repete agora com nova roupagem.
“Não causa surpresa o editorial de O Globo, que apoiou o Golpe de 64 e, depois de décadas, fez uma autocrítica de sete, cinco segundos. E, agora, reitera na mesma prática de sempre, a prática conservadora, que apoia os golpistas. É um golpe institucional. É uma novidade no Brasil, uma novidade lamentável, que, através da regra constitucional e legal prevista, tenta, sem nenhum argumento jurídico, apenas na disputa política, atacar a ordem democrática”, disse o líder petista.
Florence lembrou que a postura do PT no governo federal é diferente da do PSDB, que teve procurador-geral “notabilizado pelo engavetamento geral de processos”, bem como defendeu a continuidade da independência dos órgãos de investigação e controle. “O novo Ministro da Justiça, assim como a Procuradoria-Geral de Justiça e os procuradores devem continuar a ter independência. Os que exorbitarem devem responder aos órgãos de controle. E é natural que quem se sinta atingido assim o faça: requeira que os órgãos de controle fiscalizem os atos de quem exorbitou”, enfatizou.
Na lógica de se garantir o respeito ao Estado de Direito e ao devido processo legal, Florence cobrou apuração sobre os vazamentos seletivos com o objetivo de atacar o PT ao tempo em que apontou o temor dos tucanos. “A Polícia Federal e o Ministério Público têm que investigar esse conluio desses órgãos de imprensa, da Globo, de alguns promotores e juízes que vazam de forma seletiva, que organizam a atuação da oposição. O temor do PSDB e do DEM é que o novo Ministro faça diligências, tome providências para que se investiguem as quatro delações premiadas em relação ao senador Aécio Neves”, disse Florence.
“As delações premiadas não podem ser arquivadas sem que haja investigação. Aécio a teme, vossas excelências [da oposição] temem a investigação. Nós, não. O presidente Lula disse isso no sábado: ‘Se for necessário, abro as minhas contas’. Mas não pode ser sob forma de coação, como está sendo feito”, encerrou o líder.
Rogério Tomaz Jr.
Foto: Nilson Bastian/Agência Câmara