Debate sobre Curuguaty abre Fórum Social Mundial temático nesta quarta-feira

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A solidariedade aos presos políticos do Paraguai ganha um reforço extra nesta quarta-feira (20), às 8h30, no Memorial do Rio Grande do Sul, no Fórum Social Mundial Temático de Porto Alegre com a apresentação e debate do documentário “Desmontando Curuguaty”.

Com a participação do professor Ariovaldo de Camargo, secretário-adjunto de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do jornalista Leonardo Severo, que é observador internacional do caso Curuguaty, a oficina “Crime, golpe e farsa no Paraguai” aprofundará o debate sobre o massacre onde morreram 11 camponeses e seis policiais em 11 de junho de 2012.

O “confronto”, entre 324 policiais militares – armados com fuzis Galil, escudos, cavalos, bombas de gás e helicóptero – e 60 camponeses – metade deles mulheres, crianças e idosos – resultou no impeachment do presidente Fernando Lugo uma semana depois.

“Foi uma armação que atendeu aos interesses do latifúndio e do agronegócio que conseguiram rapidamente a deposição de um presidente constitucionalmente eleito. Agora os golpistas paraguaios querem ir além, colocando os sem terra para pagar por um crime que não cometeram”, explica Ari. Na avaliação do professor, “é preciso denunciar os abusos e atropelos de um processo totalmente viciado, a fim de fazer com que a verdade prevaleça”. “Vamos fazer com que o grito de solidariedade aos companheiros de Curuguaty se espraie, para que seja feita justiça”, assinala.

Conforme Leonardo Severo, assessor que acompanha o julgamento em Assunção, “é evidente que o processo é uma farsa, algo inteiramente contaminado para criminalizar os lutadores pela reforma agrária”. Tanto é assim, ressalta, que não há um único policial sentado no banco dos réus.

Produzido pelo Serviço de Justiça e Paz do Paraguai, o documentário de 20 minutos traz elementos imprescindíveis para compreender o grau de manipulação a que a opinião pública vem sendo submetida. Vamos aos fatos:

1. As terras fazem parte da empresa Finca 30, da Industrial Paraguaya SA, que em agosto de 2007 doou dois mil hectares para a Armada Paraguaia. Até hoje seguem inscritas como se fossem da Industrial Paraguaya, sem que a Justiça tenha se manifestado sobre de quem é a propriedade, reivindicada para fins de reforma agrária. É uma terra pública, portanto jamais poderia ter sido objeto de uma ação privada de despejo.

2. A versão de que os camponeses teriam preparado uma “emboscada”, divulgada pelo promotor Jalil Rachid, é completamente fantasiosa. Como disse o advogado Vicente Morales, “camponeses com seus filhos e mulheres emboscarem 324 policiais com helicópteros, metralhadoras, coletes, capacetes, escudos e granadas me parece absurdo”. Filho de um ex-presidente do Partido Colorado, de Alfredo Stroessner (ditador de 1954 a 1989), Jalil Rachid foi nomeado recentemente pelo presidente Horacio Cartes para vice-ministro da Segurança.

3. Um helicóptero sobrevoou desde cedo o acampamento filmando e tirando fotos. Conforme gravação do comissário Roque Fleitas, chefe da Agrupação Aeroespacial, a aeronave estava equipada com sofisticada tecnologia e gravava todos os detalhes da operação. Ao mesmo tempo em que filmava, o helicóptero transmitia automaticamente para uma base de dados da polícia. A filmagem nunca apareceu. Semanas depois, o fiscal Rachid disse que o equipamento não estava funcionando. Semanas antes de depor, o piloto morre em um “acidente” aéreo.

4. Armada em situação de ataque, inclusive com fuzis automáticos, a polícia invade em duas colunas. Os camponeses ficam cercados. Se escutam inicialmente tiros isolados e, logo depois, nove segundos de tiros de armas semi-automáticas que, segundo admitiu o próprio promotor, não foram encontradas com os camponeses.

5. Entre as “escandalosas irregularidades” apontadas pelos advogados estão as escopetas velhas e até uma arma de ar comprimido que não foram utilizadas, além de foices e facões. Entre o pacote de falsificações está o fato de que muitas coisas mudaram de lugar entre uma foto e outra, sempre para incriminar os camponeses, vários deles já mortos. No dia 25 de junho foi incorporada como “evidência” uma escopeta calibre 12 achada próxima a Curuguaty e que, segundo o próprio dono, havia sido roubada no dia 22 de junho. Ou seja, uma arma pretensamente usada pelos camponeses jamais esteve com eles.

6. O promotor notifica a defesa no dia 16 de outubro de 2012 para que participe de uma “perícia fundamental” para o processo. Detalhe: dita “perícia” havia ocorrido quatro dias antes, no dia 12 de outubro.

7. “Não há conexão entre as supostas armas que dispararam com as balas que encontraram dentro dos corpos. Este nexo causal não existe”, enfatiza o advogado Vicente Morales. “O fiscal monta um cenário e sustenta uma tese onde a polícia é simplesmente vítima de um ataque”, concluiu.

Confira as oficinas da CUT Nacional

Curuguaty: Crime, golpe e farsa no Paraguai

Quarta-feira, 20, às 8h30, no Espaço do FSM Porto Alegre (Memorial)

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Linha Direta

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