PT lamenta falecimento de Maria Amélia Buarque de Holanda

luladameliabuarqueO presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra , divulgou ontem (6) nota de pesar pelo falecimento de Maria Amélia Buarque de Holanda, uma das fundadoras do PT. Ela faleceu na quinta-feira de madrugada, aos 100 anos de idade.

Na nota, Dutra manifesta, em nome do PT, “tristeza e consternação pelo falecimento da companheira Maria Amélia Buarque de Holanda, uma lutadora das causas sociais e fundadora do nosso partido”. Diz também que o exemplo de vida de Maria Amélia “dignifica todos nós que tivemos a oportunidade de compartilhar de sua companhia em vários momentos da construção de uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária”.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em nota oficial, também lamentou a morte da companheira e também amiga: ” Maria Amélia era uma pessoa que aliava ternura a firmeza, inteligência e preocupações sociais. Mesmo sendo filha de família tradicional, durante toda a vida lutou e apoiou as lutas pela liberdade e por uma sociedade mais igualitária. Há poucos meses, durante as comemorações de seus 100 anos de idade, eu a encontrei, como sempre, lúcida e demonstrando estar ligada às questões que afetam nosso país e nosso povo. Memélia foi um modelo de integridade e de vida. Para mim, foi muito doloroso receber a notícia de sua perda, uma vez que sempre tive muito orgulho de desfrutar de sua amizade”.

Maria Amélia Cesário Alvim Buarque de Hollanda nasceu em 25 de janeiro de 1910, filha do desembargador mineiro Francisco de Cesário Alvim e da paulista Maria do Carmo da Costa Carvalho. Nasceu no Cosme Velho, no Rio de Janeiro, e era a mais velha de dez irmãos. Quando tinha 6 anos, sua família mudou-se para Copacabana. Estudou no Sacré Coeur de Marie. Depois, fez curso de enfermagem. Aprendeu a falar francês, italiano e inglês.

Muito religiosa, ela não abandonou seus princípios nem ao casar com o historiador e ateu Sérgio Buarque de Hollanda. Miúcha, filha do casal, falava com bom-humor sobre o improvável casamento: “Papai era um intelectual boêmio; e mamãe, católica, de uma família mineira tradicional de Ubá”.

Maria Amélia, chamada pelo carinhoso apelido de Memélia, conheceu Sergio no carnaval de 1934, em frente à sede do Jockey Club do Rio, apresentada por Afonso Arinos de Mello Franco, seu primo-irmão. Extremamente organizada, foi responsável direta pela educação formal dos filhos e pela condução do lar, mas sem nunca deixar de expor sua opinião.

Miúcha diz que, se não fosse a organização da mãe, o pai não teria escrito um dos livros fundamentais da antropologia brasileira, “Raízes do Brasil”. Maria Amélia datilografou todos os originais.

“Minha mãe sempre foi preocupada com o lado prático da casa, a disciplina, a educação dos filhos e netos”, disse certa vez o filho Chico Buarque. Juntamente com o marido, foi uma das fundadoras do PT.

Em textos publicados no blog do jornalista Claudio Renato, sobre os Buarque de Hollanda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lembrou que Maria Amélia foi a primeira pessoa a contribuir com sua campanha presidencial em 1989, com um cheque de sua pensão de viúva.

“Um metalúrgico de São Paulo filiar-se ao PT é quase uma obrigação, mas uma pessoa como Dona Amélia só faz isso por solidariedade”.

“Eu conheço o Lula desde que ele era metalúrgico e sempre fiz muita fé nele. É um homem tão rico no modo de ser”, declarou, certa vez, Maria Amélia em entrevista.

Em entrevista ao GLOBO no início deste ano, pouco antes de completar 100 anos, ela demonstrou todo seu bom humor quando recebeu um telefonema de um primo, Afonso Arinos de Melo Franco, que ajudava a jornalista Ana Cristina Reis a conseguir uma entrevista.

“Entrevista não. Mas recebo uma amiga sua quando você quiser”, respondeu na ocasião.

Na mesma entrevista se mostrou uma pessoa de hábitos simples, absolutamente lúcida mas já sofrendo com o peso da idade. Já não saía de casa para passear pelas ruas de Copacabana – ela morava no histórico edifício Alcazar, no número 4 da Rua Almirante Gonçalves – mas tinha sempre a presença de um dos sete filhos e de alguns dos muitos netos e bisnetos em seu apartamento.

Ela lembrou do grande amigo Vinícius de Moraes, cantarolou “Quando tu passas por mim” e falou sobre o anel de acrílico azul que usava no dedo: “Este anel tem 40 anos.

João Gilberto chegou dos Estados Unidos, recém-casado com a Miúcha, e trouxe um pacotinho com anéis que vendiam na rua, em Nova York. Eu escolhi este. E gosto dele até hoje”.

Maria Amélia morreu na madrugada de ontem, aos 100 anos, dormindo. Na terça-feira, ela chegou a se sentir mal, ficou sem apetite. Levada ao hospital, nada foi constatado nos exames. Ela deixa sete filhos (Miúcha, Sérgio, Álvaro, Chico, Maria do Carmo, Ana e Cristina) e 14 netos. (Com informações do jornal o Globo, edição de 7 de maio de 2010)

 

 

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