O deputado Zé Geraldo (PT-PA) criticou, em pronunciamento no plenário, o que chamou de “perseguição política” contra o governo da presidenta Dilma Rousseff praticada pelo ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes.
Citando despacho do procurador-geral da República que determinou o arquivamento do pedido de investigação das contas de campanha da chapa de Dilma, Zé Geraldo listou os conceitos que explicam a conduta questionável de Mendes. “Os termos judicialização extremada, inconveniência e protagonistas exagerados da democracia proferidos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para definir as incansáveis, inconvenientes e exageradas investidas da Justiça Eleitoral e do Ministério Público Eleitoral contra a prestação de contas da campanha da presidenta Dilma Rousseff, bem poderia ter outro nome: perseguição política”, disse o petista.
“Frio e parcial, o ministro Gilmar quer se vingar do governo Dilma por contrariedade que sofrera em 2014. É claro que o ministro tem outros motivos igualmente não republicanos para tal. Afinal, Gilmar Mendes nunca nutriu nenhuma simpatia pelo PT e pelos governos petistas. Mas esta perseguição, pelo menos essa, tem uma origem definida. Ela acontece desde novembro do ano passado, quando o Palácio do Planalto não deu bola às exigências do ministro para a recondução do ex-ministro Henrique Neves para o TSE”, acrescentou Zé Geraldo.
De acordo com o deputado Zé Geraldo, em menos de 14 horas de vencido o prazo de recondução, sem que Neves tivesse sido efetivado ministro novamente, os dois processos referente às contas da campanha petista caíram “milagrosamente na mão de Gilmar Mendes, subvertendo todas as probabilidades matemáticas”, disse.
Para Zé Geraldo, o ministro Gilmar Mendes revela com suas ações a inconformidade com a derrota do partido de sua preferência nas eleições de 2014. “Desde que Gilmar Mendes se apossou das contas da última campanha da presidenta Dilma ele tem utilizado disto para, volta e meia, reviver a inconformidade da derrota das últimas eleições. A vingança por não ter um pedido seu atendido ganha desde então a dimensão golpista. Mesmo depois da aprovação unânime das contas no TSE, Gilmar as manteve abertas para esperar alguma coisa da Lava Jato que a pudesse desenterrar. Enquanto isso, desenterrava também outro processo pela reprovação das contas impetrado pelo PSDB. Neste caso, atuando em duas pontas. Por convicção própria e como advogado do partido de sua preferência”, enfatizou o parlamentar do PT.
O deputado Zé Geraldo disse ainda que o ministro Gilmar Mendes age de forma parcial com o governo Dilma. “Gilmar Mendes mostra ser bastante cauteloso em ações de grande importância para a vida brasileira, a ponto de segurar processos por mais de ano e é também conhecidamente bastante afoito quando as ações são contra o PT, contra o Governo Dilma, contra os movimentos sociais e a favor de banqueiros. Eis aí uma qualidade suprema do nosso ministro: sinceridade ideológica”.
Gizele Benitz
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