O governo federal inaugurou no sábado (22) o Observatório de Torre Alta da Amazônia (ATTO, na sigla em inglês), estrutura de 325 metros que ampliará o campo de pesquisa e o entendimento da interação entre a biosfera e a atmosfera. A torre foi instalada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, entre os municípios de São Sebastião do Uatamã (AM) e Itapiranga (AM), a cerca de 150 quilômetros, em linha reta, de Manaus (AM).
A Torre Alta é resultado da parceria científica entre Brasil e Alemanha, implementada por meio do Instituto Nacional da Amazônia (Inpa/MCTI), da Universidade Estadual do Amazonas (UEA) e dos institutos alemães Max Planck de Química e de Biogeoquímica. Na sexta-feira (21), os coordenadores do projeto Antonio Manzi e Jürgen Kesselmeier apresentaram detalhes do projeto científico ao ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, e ao ministro conselheiro da Embaixada da Alemanha no Brasil, Claudius Fischbach.
O Observatório permitirá a análise de mudanças e modelos climáticos na floresta amazônica, além de monitorar os componentes da atmosfera relevantes às mudanças climáticas. Serão estudadas, por exemplo, as trocas de massa e energia que ocorrem entre o solo, a copa das árvores e o ar acima delas.
O ministro Aldo ressaltou a importância da Torre Alta estar instalada na Amazônia. “Essa região é um constante desafio para o Brasil. O primeiro deles é a preservação dessa gigantesca área do nosso território”, avaliou. “A Torre Alta ficará situada na maior floresta tropical continua do planeta. A grande capacidade dela recolher, no estado mais puro, as informações e os indicadores da relação entre a floresta e o clima é um colosso para a ciência.”
Segundo Aldo Rebelo, Brasil e Alemanha podem fazer dessa experiência um momento de “celebração e reafirmação” da aposta na cooperação como algo “promissor e benéfico para os dois países e para mundo”. Na última quinta-feira (20), Brasil e Alemanha firmaram cinco acordos bilaterais para estimular a cooperação, entre eles o que garante a continuidade da parceria em torno do ATTO.
A estrutura de investigação científica vai gerar conhecimento inédito sobre o papel do ecossistema amazônico no contexto das mudanças climáticas globais. Segundo o coordenador do projeto ATTO pelo Inpa, Antonio Manzi, será possível aprimorar os modelos que fazem previsão de tempo e clima. “Os resultados obtidos fornecerão um grande avanço na representação das florestas tropicais em modelos de sistemas meteorológicos e da Terra para gerar previsões de tempo e cenários muito mais precisos sobre o clima”, explica.
Estimada em R$ 26 milhões, sendo R$13 milhões aportados pelo governo brasileiro, por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTI), e R$ 13 milhões pelo governo alemão, a Torre Alta emitirá os dados coletados para 15 instituições científicas e tecnológicas e universidades do País. A Universidade Estadual do Amazonas (UEA) também foi parceira da iniciaitiva. Foram destinados R$ 2 milhões para restaurar a estrada do rio Uatumã até o sítio do projeto.
“Comparada a outros empreendimentos científicos e tecnológicos, os investimentos no Observatório de Torre Alta da Amazônia são pequenos”, destacou o coordenador do projeto ATTO pela Sociedade Max Planck, Jürgen Kesselmeier. “Estou ansioso pelas informações e resultados que iremos gerar. Buscamos entender adequadamente o papel que a floresta desempenha na formação de partículas de aerossol e, portanto, a formação de nuvens.”
Para o ministro conselheiro da Embaixada da Alemanha no Brasil, Claudius Fischbach, o ATTO é o reflexo das duas principais esferas de cooperação entre Brasil e Alemanha. “Os dois países tem parcerias importantes nos campos de ciência e tecnologia e proteção climática.
A Torre Alta prova que estamos em busca das questões que vão moldar a vida nos próximos séculos”, disse.
Devido a extensão da Amazônia, maior floresta tropical relativamente homogênea do mundo, os processos climáticos e atmosféricos do ecossistema têm a capacidade de influir nos ciclos climáticos e atmosféricos de outras regiões do planeta. Deste modo, os processos e ciclos da floresta têm despertado o interesse de cientistas e pesquisadores de todo o mundo.
O principal questionamento que os pesquisadores da ATTO pretendem responder é como a Amazônia influencia os processos de interação biosfera-atmosfera e as mudanças do clima e os efeitos desses fatores no ecossistema da região. O diretor do Inpa, Luiz Renato de França, classificou a Torre Alta como um “empreendimento da humanidade”. “A grandeza deste projeto é maior que os 325 metros da torre de pesquisa. O fato que vale ressaltar é a quantidade e a qualidade dos estudos científicos inéditos que teremos sobre a Amazônia”.
Para o vice-presidente da Sociedade Max Planck, Ferdi Schüth, a Torre Alta atingirá um marco na pesquisa do sistema da Terra. “Todos os dados que estamos gerando com esta nova torre de medição estão sendo incorporados a modelos para predizer o desenvolvimento do clima.. Algumas respostas para problemas locais se encontram em outras regiões do mundo”, disse.
Fonte: MCTI