Cooperação necessária *Fernando Ferro

fernandoferro_entrevista_hdiaUm dos grandes êxitos do governo Lula é a política externa autônoma e independente, livre do modelo subalterno do governo FHC. Desde 2003, o país passou a ocupar um outro papel no concerto das nações, com amplo reconhecimento internacional.

Diplomatas estrangeiros reconhecem hoje que não há foro internacional legítimo sem a presença do Brasil. A despeito disso, oposicionistas ainda formulam críticas, muitas baseadas em puro preconceito, como os ataques à cooperação SulSul. Reféns de preconceitos dos anos 50 e 60, não percebem o caráter pragmático da cooperação implementada pelo governo Lula, associando essa estratégia a “terceiromundismo”, “antiamericanismos” e outros rótulos descolados da realidade.

Nada mais certo que a decisão de aprofundar os vínculos com países em desenvolvimento, em busca de novos mercados para nossas exportações, consolidando, simultaneamente, as relações com parceiros tradicionais, como EUA e União Europeia.

Não fosse a diversificação das parcerias econômicas e comerciais, juntamente com medidas econômicas que romperam com o receituário neoliberal do FMI, o Brasil ficaria amargando os efeitos da crise, como ocorreu no governo FHC. A crise evidenciou o acerto da opção estratégica, tomada em 2003, de se implementar a cooperação Sul-Sul, um dos pontos centrais da política externa do governo Lula. A aproximação com os países do Sul deve se intensificar, sem prejuízo de parcerias com os países desenvolvidos.

Esse direcionamento garante também a valorização de laços culturais entre os povos, ferramenta importante para a promoção de um desenvolvimento que combata as assimetrias entre as economias desses países, que finalmente despertaram para o potencial de um relacionamento mais estreito. À parte o caráter econômico desse redirecionamento, é preciso assinalar que, na nova conformação de poder mundial no pós-crise, os países em desenvolvimento já têm um novo papel.

Quando intensificam a cooperação entre si, asseguram maior participação de expressivo contingente da Humanidade nos processos de discussão e de tomada de decisão.

Hoje, os emergentes são parceiros vitais dos países ricos. Essa realidade ficou comprovada durante a crise, com os emergentes mostrando sua força via integração regional, com a construção de novos e mais amplos mercados. Na nova conformação geoestratégica, esses países respondem hoje por 75% do crescimento mundial. Não é por outro motivo que os países desenvolvidos têm feito esforços de aproximação com os países em desenvolvimento. Ou seriam os países ricos terceiromundistas? A integração entre os emergentes desfez equívocos da teoria do realismo periférico, que os levou à inação à espera dos supostos benefícios da globalização. A tese ruiu junto com o muro de Wall Street. É correto, pois, consolidar a integração sul-americana e aproximar o país ainda mais dos outros parceiros até recentemente excluídos das prioridades do Itamaraty. Estamos contribuindo para oferecer ao mundo uma visão compartilhada de um novo multilateralismo adaptado ao mundo multipolar. A cooperação SulSul não é uma opção de cunho ideológico.

Trata-se de uma diretriz de conteúdo pragmático, bem-sucedida, conforme mostra a exitosa inserção do Brasil no mundo atual.

Fernando Ferro
é deputado federal (PT-PE) e líder do partido na Câmara.

 

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