A maioria da população grega (61,3%) respondeu claramente aos credores internacionais – Fundo Monetário Internacional (FMI), BCE (Banco Central Europeu) e o bloco europeu – que não aceita imposições que redundem em arrocho salarial, desemprego e cortes nos orçamentos sociais. O recado foi dado no referendo que a Grécia realizou neste domingo (5).
Em contrapartida, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, disse hoje, em comunicado oficial, que o governo deve apresentar na cúpula europeia novas propostas de acordo com os credores internacionais, em reunião que acontece nesta terça-feira (7). “A vitória do não, não significa uma ruptura com a Europa”, afirmou Alexis Tsipras. “O referendo provou que a democracia não pode ser chantageada”, continuou. Para o primeiro-ministro, “os gregos fizeram uma escolha corajosa que vai mudar o debate na Europa”.
De acordo com o primeiro-ministro, “muitos podem tentar ignorar o desejo de um governo, mas ninguém pode ignorar a vontade de uma população que está buscando viver com dignidade”.
Na mesma linha, o ministro de Estado grego, Nikos Pappas, disse, em entrevista à televisão Alfha, que os acordos para pagar as dívidas do país serão melhores, a partir do resultado do referendo. “O acordo será melhor com a vitória do não. Será uma mensagem mundial”, disse. Em relação à situação dos bancos, Pappas assegurou que estes terão liquidez.
Deputados da bancada do PT, elogiaram o resultado da consulta popular que resultou na rejeição das medidas de austeridade propostas pelos credores internacionais.
“Vitória da soberania popular que refutou a política de arrocho, desemprego e corte de programas sociais”, avaliou o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), titular da Comissão De Relações Exteriores e Defesa Nacional (Creden) da Câmara.
Em artigo publicado nesta segunda-feira (6), a deputada Maria do Rosário (PT-RS) afirmou que “o povo grego disse não ao modelo de ajuste proposto pelo mercado e preferiu desafiar a crise, impondo limites para o impacto dos cortes financeiros das políticas de Estado na vida das pessoas”. Para ela, o governo grego deverá enfrentar uma parada “dura”, com a “pressão da Sra Merkel, do FMI e dos conservadores internos, mesmo que derrotados”. Mas, na avaliação da parlamentar, Tsipras conta com algo que coloca limites nas pretensões destes: apoio popular para seguir seu rumo.
Em sua conta no twitter, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) acrescentou: “O referendo na Grécia coloca nova correlação entre os mercados financeiros e os governos nacionais”.
Nota – Em nota, o Partido dos Trabalhadores saúda a Grécia pela vitória do referendo e classifica o resultado do pleito como “triunfo justo e digno do povo grego contra o terrorismo financeiro do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional”.
“Ao manifestar com a contundência de 61,3% a 38,7% sua rejeição à proposta neoliberal desses organismos financeiros e suas medidas de austeridade reclamadas pela União Europeia frente à crise financeira que o país atravessa, o povo grego disse não ao aumento do Imposto de 23% sobre alimentos, ao corte drástico das aposentadorias, à redução violenta dos salários dos funcionários públicos entre outros pontos para assegurar o desembolso de bilhões de euros que fazem parte do resgate financeiro do Eurogrupo”, diz a nota petista.
Benildes Rodrigues com Agências
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