Passados mais de quatro dias após um ataque violento, em ação paramilitar, contra um acampamento instalado pelos indígenas Guarani e Kaiowá na fazenda Madama, incidente sobre a terra indígena de Kurusu Ambá, duas crianças indígenas seguem desaparecidas.
G.L.G, de 11 anos, e T.V.B, de 10 anos, sumiram sem deixar rastros em meio a chuva de tiros disparada pelos agressores, ao mesmo tempo em que era ateado fogo no acampamento indígena, queimando todos os pertences da comunidade. Os Guarani e Kaiowá não descartam a hipótese das crianças terem sido sequestradas. No ataque, por muito pouco uma criança não acabou carbonizada, como relatou nota do Ministério Público Federal, publicada no fim da tarde da sexta-feira (26).
Após o incidente, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, foi ao Mato Grosso do Sul apurar os danos e violações causadas em decorrência dos ataques e garantir a proteção dos indígenas. O parlamentar solicitou uma equipe de busca para encontrar as crianças, em ação conjunta com o Procurador da República Ricardo Pael. Cerca de 30 soldados da Força Nacional passaram a atuar na segurança dos indígenas acampados.
Tape Rendy, indígena Guarani e Kaiowá desabafou: “Estas crianças se criaram aqui, conhecem bem este terreno, já deviam ter voltado. A comunidade está revoltada. Não aguenta mais a dor pelos pequenos que sumiram. Se eles levaram não será a primeira vez. Perguntem nas aldeias, sempre levam crianças”.
“Novas ofensivas de grupos paramilitares podem ocorrer nos próximos dias contra esses indígenas”, alerta Pimenta, muito preocupado com a situação.
“A morosidade das demarcações das terras indígenas cria um clima de instabilidade e violência. Além disso, a impunidade com relação aos crimes cometidos faz com que os casos de violência se repitam. Torço para que as duas crianças desparecidas não tenham sido vítimas de massacre”, acrescenta o presidente da CDHM.
Com informações do Cimi e do Vi o Mundo
Foto: Fabricio Carbonel/CDHM