Em entrevista nesta segunda-feira (16), o deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo Dilma Rousseff na Câmara, defendeu uma “inflexão” na área econômica e a tributação das grandes fortunas e heranças como forma de promover justiça tributária e fiscal. “Não podemos abrir mão disso. Como é que vamos consolidar as políticas públicas nesse País se não tomarmos essas medidas?”, argumentou o parlamentar.
Guimarães lembrou que o Imposto sobre as Grandes Fortunas (IGF) já está previsto na Constituição Federal e segue há 27 anos sem regulamentação. Para avançar na discussão do tema, o líder do governo disse que vai sugerir à bancada do PT o pedido de tramitação em urgência constitucional de todos os projetos que tratam dessa matéria.
“Taxar as grandes fortunas é fazer justiça tributária. Em nosso País foi se conformando a lógica do ‘quem ganha tudo, não paga nada, enquanto quem ganha pouco, paga tudo’. Nós temos que inverter isso e adotar o princípio da progressividade para fazermos justiça fiscal. Cinco por cento da população tem tudo e não aceita taxação nenhuma. Está na hora da onça beber água e temos que sinalizar para o País que taxar as grandes fortunas é uma medida importante”, declarou Guimarães, que também defende a investigação sobre contas não declaradas de brasileiros em paraísos fiscais, como no caso do escândalo do HSBC na Suíça.
Dois pesos, duas medidas – Questionado sobre as manifestações de rua na sexta-feira (13) e no domingo (15), Guimarães criticou o tratamento diferenciado da grande mídia. “A grande mídia trata os atos de sexta-feira de uma forma e os atos de domingo de outra forma. Os protestos de domingo foram patrocinados por amplos setores da mídia”, afirmou Guimarães.
Apesar da crítica à postura da grande mídia, o líder do governo saudou os episódios e destacou a força da democracia brasileira. “Evidentemente que todas as manifestações são democráticas e próprias da democracia. Precisamos aprender a conviver com isso. A democracia existe para suportar esse tipo de manifestação”, disse o parlamentar.
Para Guimarães, o Congresso Nacional precisa ouvir a voz das ruas e realizar a reforma política no que há de mais essencial, o fim do financiamento empresarial das campanhas. “Por que a reforma política não avança aqui? As ruas estão dizendo que a corrupção está umbilicalmente ligada ao financiamento privado das campanhas. O Congresso vai fechar os olhos para isso?”, indagou o petista.
Rogério Tomaz Jr.
Foto: Gustavo Bezerra/PT na Câmara