Chacina em Tremembé: Justiça de SP decreta prisão de dois suspeitos

O Partido dos Trabalhadores divulgou nota de repúdio à chacina e cobra a punição dos responsáveis Márcia Cruz/MDHC

No domingo (12), ministros do governo Lula acompanharam os funerais das vítimas e as investigações, que apontam Antônio Martins dos Santos Filho, conhecido como ‘Nero do Piseiro’, e Ítalo Rodrigues da Silva como envolvidos na execução de dois assentados do MST;

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) determinou a prisão temporária de 30 dias de dois suspeitos de envolvimento na chacina ocorrida no assentamento Olga Benário, em Tremembé (SP), na noite de sexta-feira (10). No local, onde vivem 20 famílias, foram assassinados a tiros dois integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Gleison Barbosa, de 28 anos, e Valdir Nascimento, de 52 anos, um dos líderes do assentamento regularizado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) há 20 anos.

O ataque criminoso aos assentados, que estavam em reunião no momento dos tiros, deixou também três mulheres e três homens feridos, que tiveram que ser hospitalizados. Eles reconheceram um dos suspeitos, Antônio Martins dos Santos Filho, conhecido como ‘Nero do Piseiro’, de 41 anos, preso pela Polícia neste domingo (12), apontado como mentor intelectual e líder do ataque. O outro suspeito que teve a prisão decretada pelo TJSP é Ítalo Rodrigues da Silva, que está foragido.

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O presidente Lula telefonou sábado (11) para o coordenador nacional do MST, Gilmar Mauro. Ao prestar solidariedade às vítimas, Lula comunicou que deve visitar ao assentamento e que determinaria à Polícia Federal a investigação do caso. Na sequência, o Ministério da Justiça ordenou à PF a abertura de inquérito e enviou para Tremembé equipe da PF com agentes, perito e papiloscopista para efetuar investigações sobre o crime. O ministro em exercício, Manoel Carlos de Almeida Neto, citou no ofício enviado à PF que houve violação aos direitos humanos das famílias que fazem parte do assentamento.

Na manhã de sábado (11) o presidente repostou mensagem do ministro da Reforma Agrária e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira na rede social X, relatando o crime e pedindo providências.

Em nota, o MDA repudiou o crime e manifestou “solidariedade e apoio aos assentados da reforma agrária, especialmente às famílias de Valdir do Nascimento e do jovem Gleison Barbosa Carvalho, brutalmente assassinados neste caso”. Logo que soube da chacina, o ministro Paulo Teixeira contatou autoridades estaduais e nacionais e pediu providências e punição do crime que classificou como “bárbaro”.

Ministros acompanham funerais e investigações
Paulo Teixeira foi para Tremembé no sábado (11) acompanhar as investigações. No domingo (12) ele e a ministra dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo, acompanharam os funerais dos dois integrantes do MST mortos no ataque. O Ministério de Direitos Humanos e Cidadania prestou assistência às lideranças e integrantes do assentamento e informou que uma das metas é reforçar ações para o fortalecimento da proteção a esses agentes.

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“O grave ataque contra o assentamento do MST e o assassinato de lideranças soma-se aos alertas anteriores para a urgência de fortalecimento das políticas de proteção aos defensores de direitos humanos que integrem as esferas federal e estadual, os sistemas de Justiça e de Segurança Pública e as redes de proteção”.

O MST repostou a publicação da ministra Macaé no ato de despedida. “Macaé Evaristo, Ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, reforça que o crime brutal ocorrido no Assentamento Olga Benário é absolutamente inadmissível”, escreveu o movimento.

“Facção a serviço de especuladores”, diz PT

Em nota publicada sábado (11), o Partido dos Trabalhadores declarou que a chacina em Tremembé é crime contra o país e que “a brutalidade exige reação forte e imediata das autoridades de segurança do estado de São Paulo e também da Polícia Federal”.

A presidenta Gleisi Hoffmann e a secretária agrária nacional do partido, Rose Rodrigues, que assinaram a nota, afirmaram que “o ataque covarde e brutal deixou fortes indícios de ter sido planejado e executado por bandidos de uma facção criminosa, a serviço de especuladores do ramo imobiliário local, que tem interesse em se apropriar das terras do assentamento, legalizadas pela reforma agrária”.

Assentamento é alvo de cobiça, diz MST

O caso foi registrado na Delegacia Seccional de Taubaté como homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo. A suspeita é de que a motivação dos crimes tenha sido a disputa por um terreno no assentamento. Em nota publicada em seu site, o MST afirmou que a área do assentamento desperta interesse imobiliário devido à localização privilegiada.

“O Assentamento Olga Benário enfrenta uma intensa disputa com a especulação imobiliária voltada para o turismo de lazer, devido à sua localização estratégica na região do Vale do Paraíba. Há anos, as famílias assentadas vêm sofrendo ameaças e coerções constantes”, relatou o MST.

Em entrevista ao site Terra, o dirigente regional do MST, Altamir Bastos, deu detalhes da ação dos criminosos. “Foi tudo muito rápido. Eles chegaram para exterminar, aniquilar todos que estavam ali. A intenção deles era claramente nos intimidar, porque combatemos publicamente a venda dos lotes”.

Prisão do  2° suspeito é necessária, diz polícia

Matéria do site G1 publicada neste domingo (12) informou que, no boletim de ocorrência, a polícia alega que a prisão temporária do segundo suspeito é necessária, pois “há elementos informativos no sentido de que era um dos autores do grave crime investigado”.

O boletim diz ainda que “a gravidade do crime, somada a periculosidade do agente, exige que a prisão seja decretada” e “a violência do crime, cometido por disparos de arma, inviabilizando a defesa das vítimas, demonstra a periculosidade atual e a necessidade de medidas constritivas”, publicou o site.

“Nero do Piseiro”, o único suspeito preso até agora, já tinha passagem pela polícia por porte ilegal de arma de fogo. Ele e seus nove comparsas foram até o local do crime em cinco carros e duas motos, segundo o MST.

“Ele confessou o crime. Não só confessou, como ele está indicando onde podem ser encontradas as demais pessoas (que participaram do ataque). Além de confessar o crime, ele foi reconhecido por algumas das vítimas e testemunhas. A gente trabalha na condição de certeza da participação dele”, afirmou o delegado seccional Marcos Ricardo Parra na matéria do G1.

Da Redação da Agência PT, com Agência Brasil

 

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