Após 25 anos de negociações, Mercosul e União Europeia assinam acordo histórico

Lula ao lado da presidenta da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, e de outros líderes do Mercosul Foto: Ricardo Stuckert/PR

Intermediado pelo presidente Lula, acordo constitui o maior tratado comercial já concluído pelo Mercosul e forma uma das maiores áreas de livre comércio bilateral do mundo

Nesta sexta-feira (6), o Mercosul e a União Europeia finalmente assinaram o tão aguardado acordo de livre comércio, após 25 anos de negociações. O documento foi finalizado durante a 65a Cúpula do Mercosul, em Montevidéu, no Uruguai, e anunciado com pompa na presença dos presidentes Lula, Santiago Peña (Paraguai), Luis Lacalle Pou (Uruguai) e Javier Milei (Argentina), além da presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen. Sua conclusão é uma importante vitória para os países sul-americanos, especialmente o Brasil, que está na linha de frente dessa parceria estratégica.

O tratado coloca a relação comercial entre o Mercosul e a União Europeia em novos patamares diplomático e sobretudo econômico. E criará um mercado comum de mais de 700 milhões de pessoas, com um PIB somado de US$ 22,3 trilhões.

Agora, os blocos se preparam para a revisão e a tradução do texto aprovado, com o objetivo de garantir sua implementação plena.

Repercussão nas redes sociais

Assim que o acordo foi assinado, órgãos e integrantes do governo brasileiro se pronunciaram nas redes sociais, celebrando o histórico compromisso.

O presidente Lula publicou uma foto ao lado dos signatários, seguida de um texto breve em palavras, mas longo em significados: “após mais de duas décadas, concluímos as negociações do acordo entre o Mercosul e a União Europeia”

Para o Ministério das Relações Exteriores, trata-se de “um dia histórico”, com a conclusão de “um dos maiores acordos de livre comércio do mundo”.

 

Odair Cunha, deputado federal (PT/MG) e líder da bancada do PT na Câmara, também festejou o acerto, lembrando que a conquista “contou com a participação fundamental do presidente Lula e sua capacidade de liderança e articulação”.

O longo caminho das negociações

A trajetória até a assinatura do acordo não foi fácil. As conversas entre o Mercosul e a União Europeia começaram em 1999, durante a Cimeira da América Latina, Caribe e União Europeia, realizada no Rio de Janeiro.

O interesse comum sempre existiu, mas inúmeros impasses e divergências, especialmente entre a robusta indústria da Europa e o pujante agronegócio do Mercosul, ameaçaram diversas vezes a conclusão do tratado.

Porém, ao longo dos anos, a industrialização europeia passou a enfrentar dificuldades para se manter competitiva, especialmente diante da ascensão de economias como a chinesa. Enquanto isso, o Brasil se tornou uma potência agropecuária ainda mais poderosa, passando a ser visto como uma ameaça ao setor agrícola do outro continente, especialmente pela França, que se opôs à conclusão do acordo.

Mas as negociações avançaram. O texto passou por um longo processo de revisões e ajustes em função de mudanças políticas e econômicas internas.

Durante seu desastroso mandato, Bolsonaro chegou a anunciar um acordo, que não foi para frente por questões relacionadas à gestão ambiental brasileira. Felizmente, pois o então presidente abrira as portas do mercado nacional para que empresas europeias participassem de licitações nas bilionárias e estratégicas áreas de saúde e educação.

No governo Lula, essas cláusulas foram retiradas. E o foco passou a ser fortalecer as relações diplomáticas e dar uma resposta positiva à crítica externa, conciliando o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental.

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O que está no acordo?

Um dos pontos de destaque é o que trata do comércio de bens. Agora, 92% dos produtos originários do Mercosul, além de 95% das linhas tarifárias, serão liberados de taxas de importação na União Europeia. Atualmente, apenas 24% das exportações do Mercosul chegam ao outro continente sem tarifas. Por sua vez, a União Europeia compromete-se a eliminar 100% das tarifas industriais em até dez anos, enquanto o Mercosul reduzirá as suas em até 91% ao longo de 15 anos.

Outro tema importante é a agricultura. O Mercosul poderá exportar carne, soja, café e outros itens para o mercado europeu sem barreiras tarifárias. Em troca, abrirá suas portas para os produtos industriais da Europa, como carros, máquinas e equipamentos, que poderão ser comercializados com tarifas reduzidas.

O acordo também aborda temas como a facilitação do comércio, com mais transparência e menos burocracia. Essas medidas devem beneficiar principalmente as pequenas e médias empresas, que terão maior facilidade para acessar mercados internacionais. Já as regras de origem garantem que apenas os produtos originários do Mercosul e da União Europeia possam se beneficiar das tarifas preferenciais.

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O que falta para a implementação?

Apesar da assinatura do acordo, ainda há etapas a serem vencidas antes de sua implementação plena. Em primeiro lugar, o texto deverá passar por revisão legal e tradução para os idiomas oficiais dos países envolvidos, processo que deve levar alguns meses.

Em seguida, os parlamentos do Mercosul e da União Europeia precisarão ratificar o documento. No entanto, as discussões em torno de temas como proteção ambiental e condições de trabalho ainda podem levar algum tempo para serem resolvidas.

A despeito dessas questões, os líderes dos dois blocos estão otimistas que o texto final seja implementado ainda em 2025.

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A relevância do acordo 

A assinatura do tratado de livre comércio com a Europa é uma vitória histórica para o Mercosul, que tem a possibilidade de aumentar a participação de seus produtos no mercado europeu.

Para o Brasil, esse acesso preferencial, especialmente à sua agricultura e indústria alimentícia, é um passo importante para consolidar o país como um grande ator no comércio internacional.

O documento também abre portas para um maior fluxo de investimentos europeus no Mercosul, com destaque para infraestrutura, tecnologia e inovação. A parceria ainda deve estimular a criação de empregos e a transferência de tecnologia, especialmente para pequenas e médias empresas deste lado do Atlântico.

Uma vitória estratégica, mas com desafios à vista

PTNacional

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