Política monetária do Banco Central faz a festa de cinco grandes bancos nos país, ao mesmo tempo em que aumenta os gastos do governo federal com o pagamento dos juros da dívida pública, com sérios prejuízos para as políticas voltadas a quem mais precisa
O lucro recorde de R$ 28,4 bilhões de cinco grandes bancos no país no terceiro trimestre de 2024 não impede que a fúria do mercado financeiro avance sobre o orçamento federal. Enquanto os bancos celebram os ganhos, o apetite insaciável por lucros dos representantes da Faria Lima pressiona o governo para reduzir investimentos em áreas essenciais, exatamente as que beneficiam a população mais vulnerável.
Os porta-vozes do mercado classificam os investimentos em programas sociais como “gastança” para camuflar a continuidade da transferência de renda dos mais pobres para os mais ricos.
Só o Bradesco registrou, sozinho, lucro líquido recorrente de R$ 5,2 bilhões no terceiro trimestre de 2024, a maior alta, 10,8%, na comparação trimestral, e 13,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados pelo site Valor nesta quinta-feira (31).
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Os resultados dos outros bancos mostram uma recuperação contínua e o Itaú lidera em recordes, somando R$ 10,4 bilhões. O Santander encerrou o terceiro trimestre com lucro de R$ 3,4 bilhões e a maior alta anual, 27,3%. Juntos, Unibanco, Bradesco, Santander, Itaú e Banco do Brasil registraram 13,1% de aumento nos lucros em um ano.
Juros do BC multiplicam lucros
Ao defender a garantia de investimentos na implementação de políticas econômicas voltadas ao desenvolvimento do país, o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) chamou atenção para os ganhos estratosféricos dos bancos. “Não é novidade nenhuma. Sabe quem está ganhando dinheiro no Brasil? Os bancos! Os maiores bancos do Brasil tiveram um lucro de R$ 28 bilhões. No segundo semestre, eles tiveram um aumento de 13% nos lucros, em relação ao ano passado.”, denunciou em vídeo nas redes sociais.
“O Brasil vai gastar cerca de R$ 800 bilhões com juros da dívida pública em 2024, uma despesa altamente regressiva, do ponto de vista social, e inibidora de desenvolvimento, do ponto de vista econômico”, ressaltou o deputado Lindbergh Faria (PT-RJ), em suas redes sociais. “Um cortezinho de cerca de 3% nessas despesas já daria para economizar os R$ 25 bilhões que se pretende cortar em gastos sociais altamente progressivos e estimuladores da economia”, assinalou.
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Em debate na Câmara Federal, o deputado ressaltou a confiança na experiência do presidente Lula. “Nós já governamos esse país. Quando o presidente Lula assumiu a presidência, a relação dívida-PIB era de 60% do PIB. Sabe com quanto ele entregou? 38%. Agora o presidente Lula sabe que para melhorar a situação fiscal, a relação dívida-PIB, a economia tem que crescer. Por que a dívida com Lula caiu de 60 para 38? Porque a economia cresceu”, acrescentou.
Resistência aos ataques
Contra a perpetuação de um sistema que beneficia poucos à custa de muitos, o governo do presidente Lula resiste aos ataques da oposição, mídia corporativa e senhores do mercado aos investimentos públicos. Busca desenvolver o país com investimentos robustos em programas sociais, estimular a indústria, gerar empregos, distribuir renda e garantir uma vida melhor para todos, diante do disparate de setores que lucram cifras astronômicas enquanto agem para sufocar a economia. O desafio de Lula é grande pois o mercado financeiro joga contra as necessidades da população.
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“A pressão do mercado financeiro para que o governo atinja o equilíbrio e persiga a qualquer custo a meta de zerar o déficit fiscal ano após ano tem como vítima a sociedade brasileira, em especial, as classes menos favorecidas”, ressaltou o economista Odilon Guedes em artigo publicado no site Brasil de Fato em abril de 2024. A redução das despesas significa cortar investimentos em saneamento básico, moradias populares, saúde, educação, infraestrutura etc. “Tudo isso para atender aos interesses da entidade mercado”, disparou Odilon.
Em análise nesta quarta-feira (30), o site ICL Economia destacou que o mercado financeiro e grande mídia pressionam o governo por corte de gastos. “Agentes do mercado pressionam por pacote com cortes entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões nos gastos públicos”, diz a matéria, que traz avaliação da economista e apresentadora do ICL Mercado e Investimentos, Deborah Magagna. Ela sustenta que os investimentos públicos foram essenciais para os bons números da economia em 2024.
“Quando você olha os cortes de gastos e todas as questões que estão em pauta, normalmente é do lado mais fraco da corda. Coragem eu acho que precisa mesmo para enfrentar [as pressões do mercado financeiro] e não ceder”, disse Deborah.
PT Nacional