“No Sul e Sudeste, a questão da qualidade sempre apareceu como o grande problema e no Nordeste começa a preocupar. Os açudes começam a eutrofizar [quando plantas aquáticas crescem excessivamente, comprometendo o uso da água] um pouco mais, começam a ter problemas”, afirmou o diretor. Levantamento da agência realizado em mais de 2 mil pontos de monitoramento em 17 unidades da Federação revela resultado ótimo em apenas 9% dos pontos. Cerca de 70% têm Índice de Qualidade da Água (IQA) considerado bom; 14%, razoável; 5%, ruim; e 2%, péssimo. Entre as áreas críticas estão a Bacia do Alto Tietê (SP), o Rio São Francisco e o Rio das Velhas (MG) e as bacias dos rios Jaguaribe, Cuiá, Cabocó, Mussure (PB).
Na avaliação do deputado Leonardo Monteiro (PT-MG), a maior ameaça à qualidade das águas no Brasil está exatamente na ausência de estações de tratamento de esgoto em vários municípios. “Muitas prefeituras não possuem estações de tratamento do esgoto e acabam lançando os dejetos nos rios, sem tratamento. No governo federal há recursos para financiar essas obras. Temos que aproveitar este momento para estimular a implantação de projetos na área de saneamento ambiental em todos os municípios do país”, declarou. De acordo com o parlamentar, a maior parte desses recursos são subsidiados o que, na prática, ameniza os impactos financeiros nas contas da prefeitura.
PAC 2 – O deputado Fernando Marroni (PT-RS) disse que a universalização do saneamento ambiental deverá ser um dos principais focos do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2). “O saneamento básico impacta diretamente na saúde pública da população. Quase 80% de todas as doenças tratadas no Sistema Único de Saúde (SUS) são por contaminação hídrica, seja pela via oral ou cutânea. O PAC 2 vai focar o saneamento para avançarmos neste tema”, disse. De acordo com o petista, o Brasil, por possuir cerca de 2% de toda a água doce do planeta, deve encabeçar uma campanha em nível internacional de consciência ambiental. “Esse é o tema do planeta. Muitas guerras já começaram a ocorrer pela disputa pela água”, declarou.
ONU – Em um relatório intitulado “Água Doente”, lançado para o Dia Mundial da Água, o Programa para Meio Ambiente das Nações Unidas (Unep) afirma que a água poluída mata mais do que a violência no mundo. Segundo o relatório, a falta de água limpa mata 1,8 milhão de crianças com menos de 5 anos de idade anualmente. Grande parte do despejo de resíduos acontece nos países em desenvolvimento, que lançam 90 por cento da água de esgoto sem tratamento. Ainda sem o relatório, dois milhões de toneladas de resíduos, que contaminam cerca de dois bilhões de toneladas de água diariamente, causaram gigantescas “zonas mortas”, sufocando recifes de corais e peixes.
Edmilson Freitas com agências