CPMI faz reunião aberta, delator não fala e oposição fica sem palco eleitoral

vicente17092014

A oposição saiu frustrada da reunião, nesta quarta-feira (17), da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a compra da refinaria de Pasadena (EUA) pela Petrobras. Não vingou a tentativa de fazer uma reunião secreta da CPMI para ouvir Paulo Roberto Costa, ex-diretor da empresa, o que permitiria a produção e circulação, via imprensa, de versões convenientes aos interesses eleitoreiros de parlamentares da oposição. Por dez votos contra oito, a reunião se manteve aberta.

A bancada do PT defendeu a reunião aberta, para que a transparência prevalecesse e a sociedade pudesse acompanhar toda a sessão da CPMI. “Nós queremos a verdade em todas as circunstâncias. Queremos que se investigue tudo e se apure tudo. Queremos que sejam punidos todos os culpados, doa a quem doer. Esta é a posição da nossa bancada, esta é a posição do ex-presidente Lula e esta é a posição da presidenta Dilma”, explicou o líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (SP).

O líder petista lamentou o silêncio do depoente. “Ao não falar, continua o espetáculo, continua a postura enganadora e mentirosa. Vai continuar a terra arrasada com o apoio da grande mídia, que não fala mais da corrupção do PSDB lá em São Paulo, o caso grave [do metrô] envolvendo três governadores, que não fala mais do helicóptero carregado de drogas (em Minas Gerais) e de aeroportos feitos na fazenda de parentes. A oposição tem uma grande aliada, mais forte que a própria oposição, que é a grande mídia”, criticou Vicentinho.

Vicentinho também criticou os “urubus do capitalismo internacional” que se beneficiam com o enfraquecimento da Petrobras, por um noticiário negativo insuflado por denúncias como as que se atribuem a Paulo Roberto Costa sobre um suposto esquema de desvios de recursos na estatal. “Quiseram, no passado, privatizar o petróleo. Quiseram privatizar a Petrobras. Inclusive no governo do PSDB até a chamavam de Petrobrax. O que existe por trás é o interesse em desconstruir uma empresa que nós queremos tão bem. E desconstruindo, ela vai para o capital privado. O que está por trás é um jogo muito mais grave e precisamos refletir sobre isso”, argumentou o líder.

Para a deputada Iriny Lopes (PT-ES), a CPMI acertou ao fazer a reunião aberta, não fecha, como queria a oposição. “Não gosto de trabalhar com versões, acho que o Brasil merece que os fatos sejam relatados e comprovados. Uma reunião fechada só serviria para a construção de versões. Acho que isso não serve à democracia do Brasil”, disse .

“Há uma distinção fundamental entre vazamento e depoimento aberto. O vazamento vem ocorrendo. Ele serve à disputa política eleitoral. É feito de forma seletiva. O PT quer investigar e quer esclarecer”, afirmou o deputado Afonso Florence (PT-BA), ao defender a manutenção da reunião aberta.

Usando uma prerrogativa constitucional, o ex-funcionário da Petrobras manteve-se em silêncio diante de todos os questionamentos do relator, deputado Marco Maia (PT-RS), e dos demais integrantes da CPMI. Paulo Roberto Costa, demitido da Petrobras em 2012, tem feito depoimentos à Justiça, em caráter de delação premiada, sobre supostos desvios de recursos na estatal. Os documentos que registram esses depoimentos já foram solicitados pela CPMI. Segundo alguns veículos da imprensa, vários parlamentares e governadores teriam sido mencionados pelo ex-diretor da estatal.

Uma nova reunião da CPMI ocorrerá na próxima semana.

Rogério Tomaz Jr.

 

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