Família encontra restos mortais que podem ser de guerrilheiro do Araguaia

RAUL_GUERRILHAA família do guerrilheiro Antônio Teodoro de Castro (que usava o codinome Raul na Guerrilha do Araguaia) encontrou nesta semana restos humanos que podem ser de Antônio. A descoberta da ossada na região conhecida como Tabocão, no Brejo Grande do Araguaia, a 90 quilômetros de Marabá, no Pará, aconteceu após a família receber informações de que nesse local poderiam estar sepultados vários guerrilheiros.

Segundo o informante da família, que preferiu não se identificar, o local que foi escavado poderá ter também os restos dos guerrilheiros Pedro Carretel (Carretel), Rodolfo de Carvalho Troiano (Manoel do A), Gilberto Olímpio Maria (Pedro) ou Maurício Grabois (Mário).

Ao localizar os restos humanos, os familiares entraram em contato com o Ministério Público Federal, que solicitou o apoio da Polícia Federal, do Instituto de Perícias Científicas do Pará e do Instituto Médico Legal de Marabá. Uma equipe de especialistas se deslocou para o local. Todos o material recolhido está sendo analisado no Instituto Médico Legal de Marabá.

Para o deputado Luiz Couto (PT-PB), que já presidiu a Comissão de Direitos Humanos da Câmara por duas vezes, a descoberta dos restos mortais reforça a necessidade de criação da Comissão da Verdade e Memória, proposta no Plano Nacional de Direitos Humanos (PNH3). “Toda família tem direito ao luto, tem direito de saber onde estão ou onde foram jogados os seus entes queridos que desapareceram no período da ditadura militar”, afirmou.

O deputado destacou que cerca de 74 estudantes do centro-sul que participaram da guerrilha no início dos anos 70 ainda continuam desaparecidos. “Destes, apenas dois foram localizados e identificados”, afirmou Luiz Couto citando a professora Maria Lúcia Petit da Silva, identificada há 14 anos e, no ano passado, o estudante Bergson Gurgão de Faria. “Dois meses após a identificação de Bergson e do seu sepultamento, sua mãe – de 94 anos – faleceu. Parece que ela estava esperando o desfecho dessa história para descansar em paz”, ressaltou Luiz Couto.

A descoberta dos restos mortais, para o deputado Pedro Wilson (PT-GO), da Comissão dos Mortos e Desaparecidos Políticos, traz a esperança e a possibilidade concreta de identificação de dezenas de desaparecidos no Brasil. “São novas pistas importantes para preenchermos lagunas da nossa história e de asseguramos a essas famílias o direito de enterrar os seus mortos”, afirmou.

Registros – Além de trabalhar no resgate da ossada, outros especialistas ainda registraram depoimentos de moradores da região que possam ajudar na investigação sobre os restos mortais encontrados em Tabocão.

O Tabocão sempre foi apontado como possível área de enterros de guerrilheiros mortos durante os combates da década de 70 e chegou a ser escavado em outubro do ano passado pelo Grupo de Trabalho Tocantins, sem que tenham sido encontrados restos. O local onde foram encontradas as ossadas nessa semana fica a cerca de 30 metros do local escavado em 2009.

O MPF está trabalhando para organizar uma equipe multidisciplinar que deve ficar de prontidão para continuar as buscas com base nas novas informações que estão surgindo a partir da descoberta da nova ossada.

Vânia Rodrigues, com informações da Procuradoria da República no Pará

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