Família de sindicalista cobra indenização da Warner Bros

23-02-10-fernando melo-D2A família do sindicalista Wilson Pinheiro recebeu nesta quarta-feira (17) o apoio da bancada federal acreana para cobrar, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), indenização no valor de R$ 4 milhões à empresa cinematográfica Warner Bros, pelo uso de imagem e da história daquele dirigente sindical no filme “Amazônia em chamas” (1994). Pinheiro foi morto a tiros em 21 de julho de 1980.

Após a exibição de um documentário do cineasta Marcos Vicente, mostrando o surgimento do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasíléia, o coordenador da bancada, deputado Fernando Melo (PT-AC), propôs e foi aceito, o envio uma carta de solidariedade à família e a distribuição de cópias “a quem possa interessar”.

Após protestar contra o assassinato de Pinheiro, um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores no Acre, o então sindicalista e futuro presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva foi enquadrado pelo regime militar na extinta Lei de Segurança Nacional.

“Se 88% da floresta do Acre estão em pé, isso se deve à luta de homens corajosos que souberam resistir ao desmatamento” afirmou Melo. Entre os anos 1970 e 1980, o Acre perdeu parte dos antigos seringais para a atividade pecuária. Pinheiro e, depois Chico Mendes, lideraram “empates” contra os fazendeiros.

A ação indenizatória dará entrada no STJ no próximo dia 2 de abril. A bancada convidará entidades sindicais e movimentos sociais para acompanhar representantes da família Pinheiro durante esse ato.

Al Gore – “Vim aqui para denunciar ao Brasil e ao mundo que a Warner Bros enganou seringueiros no Acre”, disse o ativista Abrahim Farhat Neto, o Lhê, que participou da reunião. Ele ampliará essa denúncia no próximo dia 26, em Manaus (AM), quando pretende manifestar a insatisfação da família Pinheiro ao ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore.

Nesse dia, a capital do Amazonas receberá trezentos empresários e executivos brasileiros integrantes do Grupo de Líderes Empresariais que participarão do 1º Fórum Internacional de Sustentabilidade.

Em 2005, a juíza Olívia Ribeiro condenou a Warner Bros a pagar R$ 160 mil à família. A quantia desagradou a família e a empresa logo contestou a decisão, por meio de advogados de São Paulo. E nada pagou. O caso quase foi esquecido, não fosse a ex-vereadora Hiamar Pinheiro, filha do sindicalista, ter novamente recorrido. Coube ao advogado Paulo Dinelli, de Manaus, propor a ação ao STJ.

O filme – Até hoje, “Amazônia em chamas” está nas locadoras de vídeos do Brasil e do mundo. Não há informações sobre o quanto a Warner Bros lucrou com ele. Rodado no México, o filme ensaiou uma biografia do líder ecologista Chico Mendes, na defesa dos direitos humanos na Amazônia.

Estrelado pelo porto-riquenho Raul Julia – que morreu poucos meses depois de seu lançamento – e pela brasileira Sônia Braga, “Amazônia em chamas” surpreendeu o público brasileiro por falhas técnicas e de conteúdo. Uma delas: o sindicalista Wilson Pinheiro, que era negro e alto, foi interpretado por um branco e cabeludo.

Pinheiro teve tanta importância quanto Mendes, cuja família fora consultada e indenizada pela empresa norte-americana. Oito herdeiros de Pinheiro nem sequer foram reconhecidos ou consultados. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, do qual ele foi o segundo presidente, surgiu com 890 sócios-fundadores e alcançou 4 mil na época dos “empates”. Foi o maior fenômeno de organização popular amazônica.

Montezuma Cruz, da Assessoria Parlamentar

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