Inquirida em sessão da CPMI da Petrobras, nesta quarta-feira (11), que durou mais de sete horas, a presidenta da estatal, Maria das Graças Foster frustrou a oposição conservadora ao destacar a recuperação recente do valor das ações da companhia na bolsa – subiram 52% nos últimos três meses – e ressaltar o plano de futuro da empresa, que deve alcançar a produção diária de 4,2 milhões de barris até 2020 e prevê superar a marca de 5 milhões de barris diários até 2030. Oposicionistas tentam politizar a comissão com objetivos eleitorais, afirmam petistas que integram o colegiado.
O relator da CPMI, deputado Marco Maia (PT-RS) fez mais de cem perguntas a Graça Foster e se disse satsfeito com o depoimento, embora tenha ressaltado que não surgiu nenhum fato novo. “Foi um depoimento longo, no qual se exploraram todos os temas que estavam na pauta, mas que, efetivamente, não trouxe nenhuma novidade em relação às últimas vezes que a presidenta esteve aqui. Não ouvimos nenhuma novidade nem da presidenta, nem da oposição. Portanto, vamos confrontar isso com as informações que chegarão dos pedidos de documentos e informações que fizemos”, avaliou Maia.
Para o deputado Sibá Machado (PT-AC), Graça Foster não deixou nenhuma dúvida pendente e o que a oposição deseja é usar politicamente a CPMI. “A presidenta esclareceu tudo, respondeu todas as perguntas. Infelizmente, a oposição quer é transformar a CPMI em circo, jogar para a mídia e usar isso de maneira eleitoral. Não querem investigar absolutamente nada, apenas fazer um show pirotécnico com objetivos políticos”, lamentou Sibá.
Questionada pelo deputado Afonso Florence (PT-BA), a presidenta também informou que o afundamento da plataforma P-36, em 2001, durante o governo FHC, causou um prejuízo total de US$ 2,2 bilhões àa empresa, entre perda de ativos, indenizações, multas e outros tributos pagos. O acidente causou a morte de 11 funcionários da empresa e foi abordado porque um dos eixos de investigação da CPMI é a segurança nas plataformas de petróleo.
Florence também criticou a postura da oposição e apontou “o que está em jogo” com a CPMI. “A disputa eleitoral está em curso e por isso parlamentares estão aqui o tempo todo tentando atacar o PT, o governo e a empresa, sem encontrar fato determinado para isso. A compra de Pasadena já está suficientemente esclarecida, inclusive pelos órgãos de controle, mas o que ocasiona a CPMI não é isso. Existem interesses globais sobre o petróleo brasileiro e essa é a outra dinâmica que converge para a CPMI”, afirmou Florence.
A sessão foi a primeira oitiva da CPMI e é a quarta vez que a presidenta da Petrobras vai ao Congresso Nacional em 2014 para falar sobre a compra da refinaria de Pasadena. Quando a reunião já levava mais de três horas, o deputado Fernando Francischini (SDD-PR) protagonizou uma cena lamentável ao comer pizza no plenário da comissão junto com outros parlamentares da oposição. Sibá Machado criticou duramente a conduta de Francischini. “Ele não sabe se é deputado ou se é agente da Polícia Federal. O que ele quer é fazer show na CPMI, em alguns momentos chega a se comporta como menino, o que é uma postura desrespeitosa e irresponsável com a CPMI”, disse Sibá.
Na próxima quarta-feira (18) a CPMI realizará uma reunião administrativa para análise e deliberação de requerimentos.
Rogério Tomaz Jr.
Foto: Lúcio Bernardo Jr./Câmara