Antes de cúpula do BRICS, Lula se reúne com líderes do partido de Mandela

O presidente Lula, ao lado de Gwede Mantashe, presidente do ANC e atual ministro de Recursos Minerais do governo sul-africano Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Lula iniciou os compromissos na África do Sul com uma reunião, na manhã desta terça-feira (22), com 13 representantes do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), em Joanesburgo. O partido do ex-presidente Nelson Mandela governa o país desde o fim do apartheid.

A conversa, antes da participação do presidente no Fórum Empresarial do BRICS, teve como prioridade as situações políticas na América Latina e na África e como os dois continentes podem se aproximar mais para consolidar um mundo mais multipolar e menos desigual.

“Você superou um momento muito difícil e você tem grande experiência com coalizões. Viemos aprender com vocês”, disse Gwede Mantashe, presidente do ANC e atual ministro de Recursos Minerais do governo sul-africano. “Nós temos uma dificuldade, então, porque eu que vim aprender com vocês”, brincou o presidente Lula em seguida.

O ANC chegou ao poder na África do Sul em 1994, com a eleição de Nelson Mandela após o fim do regime do apartheid, que impedia a participação política da maioria da população sul-africana. O partido elegeu todos os demais presidentes desde então, inclusive o atual, Cyril Ramaphosa.

Parceria

O BRICS é uma parceria entre cinco das maiores economias emergentes do mundo: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. No total, o grupo representa mais de 42% da população mundial, 30% do território do planeta, 23% do PIB global e 18% do comércio internacional.

A 15ª Cúpula dos chefes de Estado do BRICS é a primeira presencial desde o início da pandemia de Covid-19 em 2020. O tema é “BRICS e a África: parcerias para um crescimento mutuamente acelerado, desenvolvimento sustentável e multilateralismo inclusivo”.

Foram convidados, além dos chefes de Estado e governo do BRICS, líderes de mais de 40 países, especialmente africanos, mas também da América Latina e Caribe, da Ásia e do Leste Europeu. Durante a cúpula, serão analisados os pedidos de dezenas de países para estabelecer parcerias e compor oficialmente o grupo. Qualquer entrada, no entanto, depende de um consenso dos cinco membros atuais.

Comércio

O Brasil tem um comércio intenso com os países do BRICS. Em 2022, o volume de transações chegou a US$ 177,7 bilhões, sendo US$ 99,4 bilhões em exportações brasileiras para China, Índia, Rússia e África do Sul e US$ 78 bilhões em importações de produtos vindos desses países. De janeiro a julho de 2023, o volume já atingiu US$ 102,3 bilhões (US$ 63,2 bilhões em exportações e US$ 39 bi em importações).

Principal parceiro comercial do Brasil, a China comprou 90% de toda a exportação brasileira destinada ao BRICS, cerca de US$ 89,4 bilhões. A Índia importou 6,3% (cerca de US$ 6,3 bilhões), a Rússia foi destino de 2% das exportações (US$ 1,96 bilhão) e a África do Sul, de 1,7% (US$ 1,7 bilhão).

No sentido inverso, 78% das importações vindas do bloco foram de produtos chineses (US$ 60,7 bilhões), seguidos dos indianos (11% ou US$ 8,9 bilhões), russos (10%, US$ 7,9 bi) e sul-africanos (1,2% ou US$ 908 milhões).

No ano passado, o produto mais exportado pelo Brasil para o BRICS foi a soja, com 33% do total, seguida por petróleo (18%), ferro (18%) e carne bovina (8,2%). Em contrapartida, os produtos mais importados foram adubos e fertilizantes (10%), válvulas e diodos (8,9%), produtos químicos (7,9%) e produtos de telecomunicação (5,3%).

Agenda

Nesta terça-feira, os compromissos oficiais do presidente Lula na África do Sul incluíram também uma reunião com membros brasileiros do Conselho Empresarial do BRICS. Outra agenda foi uma participação no Fórum Empresarial do BRICS, com a presença de uma delegação de cerca de 30 empresários brasileiros que buscam ampliar parcerias com os demais países do bloco.

No início da noite, haverá o chamado retiro dos líderes, momento em que os chefes de Estado e governo do BRICS se reúnem por cerca de duas horas em um recinto privado, acompanhados dos respectivos ministros de Relações Exteriores, para debater os assuntos da cúpula de forma reservada e mais informal.

Além de Lula, participarão do retiro o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, o presidente da China, Xi Jinping, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov. O presidente russo, Vladimir Putin, participará por meio de videoconferência.

A cúpula do BRICS continua com duas reuniões de trabalho na quarta-feira (23) e uma outra, ampliada, na quinta (24). Após a participação na cúpula do BRICS, Lula segue para Angola, onde fará uma visita oficial até sábado (26). No domingo (27), ele participa da Cúpula de Chefes de Estado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em São Tomé e Príncipe, antes de retornar ao Brasil.

Da Redação

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