O presidente da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul, deputado Newton Lima (PT-SP) afirmou, nesta quarta-feira (23), que o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (EU) é “inevitável” e que “veio para ficar”. A declaração foi dada em entrevista concedida logo após o encerramento do café da manhã, em Brasília, que reuniu parlamentares, representantes do governo e da Coalizão pela Competitividade da Indústria de Transformação, que congrega 21 associações empresariais. “Todas as cautelas serão tomadas para que a indústria brasileira esteja em condições de competitividade com o mercado europeu”, explicou o deputado Newton Lima.
Na visão do secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), Daniel Godinho, o acordo com a União Europeia poderá proporcionar ganhos de produtividade às cadeias produtivas nacionais, com o acesso a insumos mais baratos e diversificados. Godinho garantiu que estarão previstas cláusulas de salvaguardas para preservar os setores mais sensíveis da indústria. “Essas salvaguardas serão inseridas no acordo para evitar surtos de importação que causem prejuízos às empresas brasileiras”, disse. Para alguns setores mais vulneráveis, explicou o secretário, o prazo para adequação às regras do acordo poderá ser estendido em até 15 anos.
Para o secretário da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza, o acordo deve dinamizar a indústria nacional, não favorecendo apenas a exportação das commodities brasileiras. “Não há outra saída para o Brasil se tornar um país de renda per capita alta se não for pela via da industrialização, como fez a Coréia do Sul nos últimos 40 anos”, afirmou. “Não temos nada contra o setor de commodities, mas esperamos que o acordo não privilegie a exportações de commodities em detrimento da indústria de transformação”, reivindicou Pastoriza.
A troca de ofertas entre o Mercosul e a UE deverá ocorrer entre maio e junho deste ano, segundo o diretor do Departamento de Negociações Internacionais do Itamaraty, Ronaldo Costa. Será a fase de negociação dos blocos. A previsão do Itamaraty é de que o acordo só deverá ser finalizado no início do ano que vem. A proposta é zerar a tarifa de 90% dos produtos, de acordo com a competividade dos setores num prazo de até 15 anos. “Precisamos continuar criando as condições para que a nossa indústria seja mais competitiva, para podermos tirar o melhor proveito possível do acordo“, afirmou o deputado Newton Lima, que também preside a Frente Parlamentar em Defesa da Indústria Nacional.
Assessoria Parlamentar