Anderson Torres será questionado sobre o uso da PRF para tentar impedir eleitores do Nordeste de votar no segundo turno. Em fevereiro, ele depôs sobre sua atuação nos atos golpistas de 8 de janeiro;
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, deve depor mais uma vez à Polícia Federal nesta segunda-feira (8). Desta vez, ele vai ser questionado sobre a atuação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas eleições presidenciais de 2022.
Como foi denunciado na época, no dia do segundo turno (30 de outubro), a PRF realizou um número absurdo de bloqueios em estradas da região Nordeste, onde Lula era favorito, com o claro intuito de impedir eleitores de chegar às seções de votação.
Um levantamento mostrou que, naquele dia, foram fiscalizados 2.185 ônibus no Nordeste, mais do que a quantidade total de veículos abordados nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste juntas.
Torres vai ser questionado sobre o episódio porque, na ocasião, era ele o ministro da Justiça. Logo, a PRF estava subordinada a ele.
Omissão em 8 de janeiro e minuta do golpe
Este será o segundo depoimento de Anderson Torres à Polícia Federal. O primeiro ocorreu no último 2 de fevereiro, quando ele teve de explicar sua omissão na tentativa de golpe de 8 de janeiro.
Recordando: após o fim do governo Bolsonaro, Torres se tornou secretário de Segurança do Distrito Federal. Como tal, ele era responsável pelas polícias do DF e, consequentemente, pela proteção da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes.
Torres, no entanto, trocou os comandos da PMDF e, deixando a tropas desorganizada, partiu de férias para os Estados Unidos. A distância, acompanhou a movimentação do 8 de janeiro, na qual a polícia de Brasília chegou a escoltar os golpistas até as proximidades do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal. O resultado foi o que se viu naquele dia.
Por conta dessa clara ajuda aos golpistas, Torres teve a prisão preventiva decretada em 10 de janeiro, quando ainda estava nos Estados Unidos. Acabou preso, de fato, em 14 de janeiro, ao retornar ao Brasil.
Para complicar ainda mais a sua situação, a Polícia Federal, ao cumprir mandado de busca e apreensão em sua casa, encontrou uma minuta que previa um golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro no poder mesmo após perder as eleições.
Ao depor em 2 de fevereiro, Torres chamou a minuta de “absurda” e “lixo”. Porém, com as revelações de áudios que mostram Ailton Barros, amigo de Bolsonaro, tramando um golpe com o ajudante de ordens do ex-presidente, Mauro Cid, fica difícil para Torres negar que um ataque à democracia não estava nos planos dele e de Bolsonaro e seus cúmplices.
Da Redação da Agência PT