Fotos:Gustavo Bezerra/Salu Parentes/PTNACÂMARA
Em pronunciamentos na tribuna da Câmara, na quinta-feira (3), os deputados Fernando Ferro (PT-PE) e Jesus Rodrigues (PT-PI) denunciam o caráter eleitoreiro da CPI para investigar a Petrobras, por iniciativa da oposição.
Jesus Rodrigues criticou o “consórcio da imprensa” que atua diariamente para atacar o governo federal, mas poupa as administrações ligadas à oposição conservadora. “Estivemos há algum tempo tentando montar uma CPI para investigar o escândalo do metrô de São Paulo, mas não tivemos a cobertura, por exemplo, que a mídia vem dando a essa questão de Pasadena”, afirmou o parlamentar piauiense.
Já Fernando Ferro lembrou que grandes escândalos da era FHC não foram investigados até hoje. “Nós nunca fizemos uma verificação adequada da privatização da Vale do Rio Doce, da privatização do Sistema Telebras, da privatização de algumas empresas do setor elétrico, e tudo isso terminou se acumulando e termina sendo um cheque em branco para esse tipo de gente”, disse Ferro.
O deputado pernambucano também registrou a contradição de parlamentares conservadores que defendem uma CPI para investigar a Petrobras, mas não aceitam uma que apure também outras denúncias. “Isso é uma clara demonstração de que criar uma CPI com fins eleitorais, com objetivos eleitoreiros, não se sustenta. E agora estão numa situação difícil porque se fizermos uma investigação, aí, sim, vai sobrar para muita gente, até porque nós conhecemos o que é a política aqui no Distrito Federal, a política de Roriz, a política de Arruda, a política do Entorno, do Demóstenes, nós sabemos quem são essas preciosidades na política do Centro do País”, argumentou Ferro, em referência a notórios casos de corrupção em Brasília e em Goiás ligados à oposição.
“Nós queremos a investigação, queremos a investigação de tudo: a investigação da compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena, do metrô. A CPI do metrô de São Paulo não recebeu assinaturas suficientes aqui. A imprensa não dá cobertura a um escândalo que é monumental e que é estruturante na história do partido PSDB”, acrescentou Jesus Rodrigues.
Na opinião de Rodrigues, a oposição é especializada “em criar espetáculos, mas o povo do Brasil já consegue ler e entender que, com espetáculos apenas, não se consegue manter uma história política”.
Ferro registrou que foi deputado no período de Fernando Henrique Cardoso e que naquela época não se fazia CPI para investigar denúncias de corrupção. “O governo conseguia impedir e blindar os pedidos de CPIs. Nisso eram muito competentes. Compravam deputados, ameaçavam e não instalavam CPIs aqui”, recordou o petista.
O deputado pernambucano citou ainda, o combate à corrução como uma das marcas dos governos do PT. “Se há um governo que sempre investigou, é exatamente este. Na história do Brasil, nós não temos um governo com tanta transparência. O Ministério Público está funcionando; a Procuradoria Geral da República está funcionando; a Advocacia Geral está investigando; a Controladoria Geral da União está fazendo o seu trabalho; o Congresso está fiscalizando, várias CPIs foram instaladas”, completou Ferro.
Fernando Ferro encerrou seu discurso convidando a oposição “a se juntar nesse esforço investigativo” através da CPI ampliada. “Será bom para o Brasil e para estabelecermos e dizermos quem é quem neste plenário e quem é quem na política deste País”, concluiu.
Na quinta-feira (3), o líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE), acompanhado do líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) e do líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (PT-SP), protocolou requerimento de uma CPI mista que investigue a Petrobras e também o as denúncias sobre o Porto de Suape e a Refinaria Abreu e Lima, ambos em Pernambuco, além das denúncias de cartel dos trens em governos em São Paulo e no Distrito Federal. O requerimento obteve a assinatura de 219 deputados federais e 32 senadores.
Rogério Tomaz Jr.