A suspensão da reformulação do Ensino Médio no Brasil, que prejudica os estudantes é pauta prioritária para o governo Lula. O Ministério da Educação (MEC) abriu consulta pública sobre o tema para a sociedade brasileira ajudar a decidir o melhor para o ensino educacional no país.
Nesta terça-feira (4), ao Jornal PT Brasil, o deputado federal Rogério Correia (PT-MG) critica a medida criada no governo Temer e reforça a necessidade de um amplo debate na sociedade sobre o que o país deseja. O novo cronograma, que prejudica o acesso de estudantes do ensino público às universidades, afeta 80% dos jovens brasileiros.
“A suspensão para consulta pública é para sabermos o que queremos para o ensino médio no Brasil, especialmente no ensino público”, apontou Correia.
O parlamentar explica que em 2017, depois do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, o governo Temer tomou medidas contrárias à educação pública. “Ele criou uma MP que estabeleceu um desmonte do ensino médio no Brasil”.
“O novo ensino médio coloca 60% das matérias comuns aos estudantes e outras 40% sem condições de adaptação das escolas públicas, com matérias optativas. Porém, não há formação de professores nem de profissionais”.
Correia enfatiza que se o novo ensino médio entrasse em vigor da maneira que foi criado, haveria diminuição do conteúdo escolar. Com isso, estudantes seriam prejudicados e teriam dificuldades no acesso às universidades, principalmente os mais pobres ao prestarem o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), por exemplo.
Desafios e prejuízos
O modelo aprovado em 2017 representa uma ausência de matérias optativas que satisfaçam os estudantes, ressalta o parlamentar. Ele explica que um dos argumentos utilizados para a reformulação do Ensino Médio é que haveriam matérias para uma formação profissional. Porém, as escolas públicas no país não têm a rede física necessária para essa realidade que beneficiaria pessoas com maior poder aquisitivo.
O deputado enfatiza que essas “matérias optativas” são geralmente disciplinas de plataformas privadas que têm interesse de lucro. Além disso, o novo ensino médio reduz a quantidade de matérias básicas como matemática, história, português ou ciência.
“Isso vai prejudicar os alunos quando forem prestar o Enem e os colocam em condições ainda mais desfavoráveis de disputar com alunos da rede particular ou que têm condições econômicas maiores”.
“A suspensão é para debater”
Rogério Correia frisa que o governo Lula quer promover audiências públicas, pesquisas, seminários e debates para assim estabelecer as modificações de acordo com a atualidade e com um ensino médio condizente com o país.
“Queremos qualidade do ensino para que os estudantes tenham a oportunidade de chegar às universidades, reduzida durante a pandemia. O governo reacionário e ultraconservador de Bolsonaro atacou o sistema educacional público para substituí-lo pelo sistema privado, com uma ideologia neofascista que ele queria implementar nas escolas”.
A coordenadora do Setorial Nacional de Educação do PT e senadora, Teresa Leitão (PT/PE), celebra o debate do novo ensino médio que a Bancada do PT na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, entidades sociais e o Fórum Popular de Educação levantam sobre a precariedade e a vulnerabilidade desse modelo.
Ouça Teresa Leitão:
Debater e avançar
O Ministério da Educação abriu consulta pública para “para avaliação e reestruturação da política nacional de Ensino Médio, com objetivo de abrir o diálogo com a sociedade civil, a comunidade escolar, os profissionais do magistério, as equipes técnicas dos sistemas de ensino, os estudantes, os pesquisadores e os especialistas do campo da educação para a coleta de subsídios para a tomada de decisão do MEC acerca dos atos normativos que regulamentam o Novo Ensino Médio”.
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