Tentativa de privatização da Petrobras é rechaçada por parlamentares

Foto: Geraldo Falcão/Agência Petrobras

O ensaio do governo Bolsonaro em privatizar a Petrobras foi rechaçado no plenário da Câmara nessa terça-feira (17), durante discursos de parlamentares do Partido dos Trabalhadores que se revezaram em defesa de uma das estatais mais importantes e estratégicas para o desenvolvimento do País e para a sua soberania nacional.

“Essa política visa preparar para a privatização da Petrobras, passando para a opinião pública brasileira a ideia de que não vale a pena ter uma estatal que só está servindo para explorar o povo brasileiro”, alertou o deputado Merlong Solano (PT-PI), ao se referir à política de preço adotada pela Petrobras em relação ao petróleo e seus derivados.

“Aí não vamos ter mobilização na sociedade para defender esse bem estratégico que o Brasil construiu ao longo de décadas. Esse é o objetivo”, reiterou.

O deputado piauiense afirmou que os lucros anunciados pela estatal nos três primeiros meses do ano atingem cerca de R$ 45 bilhões. Para ele, se mantiver esse ritmo, a Petrobras chegará ao final do ano com R$ 180 bi de lucro. No entanto, o parlamentar observou que como os preços continuam aumentando, há a probabilidade de a companhia chegar à casa dos R$ 200 bilhões de lucros até o fim do ano.

“Esse lucro exorbitante resulta do preço de Paridade Internacional, adotado pelo então presidente Temer e mantido pelo presidente Jair Bolsonaro”, criticou Solano.

“Seria muito bom se isso resultasse de uma continuidade do avanço tecnológico, de uma melhoria da eficiência da empresa, da retomada do investimento de refinarias para chegarmos a 100% de refinos dos derivados que consumimos, do investimento na área de gás de cozinha para chegarmos também à autossuficiência nesse setor. Mas não é nada disso o que acontece, muito pelo contrário. Eles estão fatiando a Petrobras”, alertou.

Para o deputado Leo de Brito (PT-AC) o governo maquia com ações a sua verdadeira intenção privatizante da estatal. “Bolsonaro fica tentando fazer uma maquiagem no assunto ao mudar ministro de Minas e Energia, o presidente da Petrobras, a diretoria da Petrobras. Isso tudo só para enganar os brasileiros, porque ele não sabe assumir suas responsabilidades. Se privatizarem a Petrobras, o preço do combustível será mais de R$ 10 em todo Brasil, como hoje já acontece em Marechal Thaumaturgo”, declarou Leo de Brito, se referindo a um município acriano.

Leo de Brito também é da mesma opinião que o grande problema da Petrobras é a política de preço adotada pela estatal desde 2016.

Venda de refinarias

O deputado José Ricardo (PT-AM) chamou a atenção dos seus pares para a decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que, segundo ele, autorizou a venda da refinaria de Manaus, Refinaria Isaac Sabbá. “Ela é da Petrobras e agora estão querendo privatizá-la, vendê-la para o grupo Atem, do setor de distribuição de combustíveis, uma empresa que não tem nenhuma experiência na produção, no refino, mas apenas na distribuição e venda de combustíveis”, denunciou o deputado.

Zé Ricardo observou também que a refinaria está sendo vendida por um valor 70% inferior ao valor de mercado. Segundo ele, a empresa foi avaliada em 279 milhões de dólares, e eles estão a vender por 189 milhões de dólares. “Há um risco de desabastecimento, práticas abusivas. Vai ser um monopólio regional privado que, com certeza, causará prejuízo para os consumidores, e provavelmente, aumentará os preços dos combustíveis”, afirmou.

Ainda, de acordo com o parlamentar, essa venda acarretará em um prejuízo geral para a economia da região amazônica já que essa é a única refinaria daquela região abastecendo todos os Estados com os produtos do refino do petróleo. “Nós precisamos impedir isso”, conclamou.

Governo frouxo

Em seu discurso, o deputado Paulo Guedes (PT-MG) disse que não dá para aceitar a privatização da Eletrobras e da Petrobras, como quer o Governo Bolsonaro. “Por isso, eu quero aqui denunciar tudo isso que vem acontecendo no Brasil, porque temos um governo fraco. O governo Bolsonaro é um governo frouxo”, sentenciou.

Na avaliação de Guedes, não adianta trocar o ministro das Minas e Energia, não adianta trocar o presidente da Petrobras “se o governo não tem mando”.

“O governo não existe. É por isso que nós estamos pagando R$ 9 o litro de gasolina em várias regiões do País. É por isso que pagamos o botijão de gás mais caro da história. Há lugares no Brasil onde o botijão de gás chega a custar R$ 150”, criticou.

O deputado Rogério Correia (PT-MG) é da mesma opinião. “É um governo frágil, que não consegue ter o mínimo de controle de preços da gasolina e do óleo diesel. O Brasil é um País produtor de petróleo, tem refinaria o suficiente para refinar o óleo bruto e baratear o preço do combustível, da gasolina, do diesel, como fizeram os governos de Lula e de Dilma. Ele é frouxo”.

Na avaliação de Correia, Bolsonaro não tem condições e nem coragem política para se posicionar com firmeza nessa questão “porque os acionistas, os muito ricos e os bilionários, dos quais ele é escravo, não querem”.

“Então, além de ser boca suja e frouxo, ele não faz aquilo que devia fazer no nosso País, que é combater a fome, a miséria”, finalizou Rogério Correia.

 

Benildes Rodrigues

 

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