Além de faltar comida em casa, na rua ela está bem mais cara

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Pesquisa do Procon e do Dieese mostra que preços de refeições fora de casa subiram até 27% nos últimos dois anos. “Tá difícil a vida do povo!”, diz Gleisi Hoffmann

Se um em cada quatro brasileiros não tem alimentos suficientes em casa, como revelou Pesquisa Datafolha na última semana, comer na rua também está cada vez mais difícil. É o que mostra um levantamento realizado pelo Procon na cidade de São Paulo, onde comer fora de casa ficou até 27% mais caro nos últimos dois anos.

A pesquisa foi feita em fevereiro pelo Núcleo de Pesquisas da Escola de Proteção e Defesa do Consumidor do Procon-SP, em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico (Dieese). Os técnicos identificaram quatro faixas de preço médio: R$ 65,22 no self-service por quilo; R$ 35,90 no self-service preço fixo; R$ 30,48 nas refeições executivo de frango e R$ 23,19 no prato do dia (ou Prato Feito).

A maior variação observada entre janeiro de 2020 e fevereiro de 2022 foi encontrada no self-service preço fixo, que passou de R$ 28,06 para R$ 35,90. Na sequência, aparece a refeição por peso, com preço médio de R$ 65,22 por quilo – há dois anos, o valor era R$ 52,98, ou variação de 23,1%.

O estudo também aponta a diferença de preço entre as regiões da cidade de São Paulo. Enquanto a zona norte tem o menor preço médio encontrado para as refeições em self-services por quilo (R$ 57,63) e à vontade (R$ 27,41) e o executivo de frango (R$ 25,08), o PF mais em conta está na zona leste (R$ 19,52). Na contramão, os maiores valores médios são divididos entre as zonas sul e oeste.

Os dados são divulgados desde outubro do ano passado. No período de quatro meses, o valor médio para adquirir o executivo de frango nos restaurantes da capital paulista saltou 8,9%, de R$ 27,98 para R$ 30,48. Por outro lado, o prato feito ficou 3% mais em conta ao passar de R$ 23,90 para R$ 23,19. Nesse intervalo também houve a necessidade de substituição de 17 estabelecimentos.

O motivo da substituição foi o mesmo que ocorreu em 2021, quando pretendia-se efetuar o levantamento integralmente junto aos mesmos estabelecimentos da amostra de 2020. Mas durante a coleta de preços verificou-se que muitos restaurantes haviam encerrado as atividades ou, para conseguir sobreviver durante a pandemia, modificaram a forma de comercializar as refeições.

A maior parte da elevação dos preços ocorreu antes de outubro de 2021, e um dos motivos foi a alta do gás de cozinha. Nos últimos 12 meses, entre março de 2021 e março de 2022, o GLP teve um aumento de 23,2%.

A atual pesquisa ainda não reflete o mega aumento do gás de cozinha promovido pela Petrobras em 11 de março. Também não captou o encarecimento dos ingredientes devido ao conflito no Leste Europeu. Além da alta da carne, trigo, milho e soja também atingiram os maiores preços dos últimos anos. Essas comodities são utilizadas na fabricação de massas, ração para gado, alimentos industrializados e até mesmo combustíveis como o etanol.

Bolsonaro destruiu o aparato nacional de segurança alimentar

“Comer e cozinhar ficou muito mais caro em dois anos: preço médio de alimentação e bebidas subiu 27,2%; o do botijão de gás, 49,1%. Tá difícil a vida do povo!”, disse a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, em postagem no Twitter.

A deputada federal paranaense citou dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nesta sexta-feira (8), a instituição divulgará os números da carestia de dois dígitos de Jair Bolsonaro e seu ministro-banqueiro Paulo Guedes em março, já sob os efeitos da crise europeia e do mega reajuste dos preços dolarizados dos combustíveis.

Os dados do Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda revelam uma aceleração da inflação em fevereiro para todas as classes de renda, especialmente para o segmento de renda alta, cuja taxa avançou de 0,34% para 1,07% entre janeiro e fevereiro. No caso das famílias de renda muito baixa, a alta de 1,0% em fevereiro contribuiu para que o grupo apresentasse a maior taxa de inflação acumulada em doze meses (10,9%), bem acima da registrada pela classe de renda alta (9,7%).

E apesar das lamúrias típicas dos incapazes de assumir a responsabilidade por seus próprios atos, o principal responsável pela situação é… Jair Bolsonaro. Afinal, foi ele quem extinguiu com uma canetada o Conselho Nacional Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), logo no primeiro dia do mandato.

Com uma Medida Provisória, Bolsonaro iniciou a destruição de um conjunto de estruturas e políticas públicas destinadas a garantir a segurança alimentar da população, criteriosamente construído ao longo de 13 anos de governos petistas. O aparato levou o país a ser excluído do Mapa da Fome das Nações Unidas, em 2014. Alguns anos após o golpe de 2016, a fome volta a assombrar a população.

As cadeias de produção com base na agricultura familiar, prioritariamente voltadas para o mercado interno e responsáveis pela maior parte dos alimentos que chegam à mesa das famílias, foram bombardeadas por Bolsonaro. Caso da agora extinta Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário.

Bolsonaro também tentou bloquear o Projeto de Lei (PL) 823/2021, dos deputados Pedro Uczai (PT-SC) e Enio Verri (PT-PR), que institui a Lei Assis Carvalho II e prevê auxílio de R$ 2.500 por família de pequenos agricultores em situação de pobreza e extrema pobreza, além de outras medidas emergenciais. Viu-se obrigado a promulga-la após a derrubada de veto integral pelo Congresso Nacional, no fim de dezembro de 2021.

Os ataques bolsonaristas à agricultura familiar prosseguiram com a extinção do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que permitia a venda de alimentos diretamente ao governo federal. O retrocesso gritante fez as áreas plantadas com feijão, arroz e mandioca se reduzirem aos menores níveis desde 1976, quando o Brasil passava muita fome.

Os estoques reguladores da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) também foram desidratados ao máximo. Hoje, seus silos e armazéns, além de uma rede de compras capaz de distribuir milhões de toneladas de grãos, estão quase zerados. Ao fazer isso, o desgoverno Bolsonaro abriu mão de regular os preços de itens da cesta básica por meio da Conab, abandonando as populações mais pobres à “lei da selva” do neoliberalismo selvagem.

Redação da Agência PT

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