Foto: Gustavo Bezerra/PT na Câmara
Os trabalhadores vão ter um pequeno aumento nos salários a partir do próximo dia 1º. Isso porque a correção de 4,5% da tabela do Imposto de Renda elevará a faixa de isenção, ou seja, aquela sobre a qual não há cobrança de imposto, de R$ 1.710,78 para R$ 1.787,77. Todas as faixas de cálculo do IR também mudarão. A alíquota máxima, de 27,5%, que hoje incide sobre a parcela de salário superior a R$ 4.271,59, passará a ser aplicada nos ganhos superiores a R$ 4.463,81. Este será o oitavo e último ano de correção automática da tabela do Imposto de Renda.
O deputado Ricardo Berzoini (PT-SP) comemorou a medida e lembrou que a correção automática da alíquota foi uma conquista dos trabalhadores. “No tempo do [ex-presidente] FHC, a tabela do IRPF ficou 6 anos congelada e só foi corrigida em 2002 por pressão do PT e da CUT. A correção anual, conquista da CUT, foi negociada com Lula e Dilma”, lembrou Berzoini através da sua conta no Twitter.
Com a atualização, um trabalhador com renda de R$ 3.500 e sem dependentes, que hoje paga R$ 146,65 por mês de IR na fonte, passará a descontar R$ 132,22, uma diferença de R$ 14,43 ou 9,8%. Um outro, com que ganhe R$ 6 mil e tenha um dependente, hoje sofre uma retenção mensal de R$ 686,60 e terá esse valor reduzido para R$ 642,96, um queda de R$ 43,36 ou 6,2% no IR. Já para um salário de R$ 8 mil e dois dependentes o imposto mensal será R$ 1.143,54 ou R$ 45 a menos do que os R$ 1.189,03 atuais.
– É um ganho pequeno, mas é um aumento. Quanto maior o salário da pessoa, maior a diferença em valor nominal, mas em percentual diferente. Quem recebe parte do salário em dezembro, como as empresas que antecipam uma parcela no dia 20, só vão ter a incidência da tabela nova sobre os valores efetivamente pagos em janeiro – explica o tributarista Antônio Teixeira Bacalhau, da IOB Folhamatic EBS, que fez as simulações a pedido do GLOBO.
Para efetuar os cálculos ele estimou uma correção no teto do INSS também de 4,5%, mas este valor ainda será definido pelo Ministério da Previdência, com base na correção dos benefícios. Além das faixas de incidência do IR, o percentual será o mesmo para o limite de dedução por dependente, que passa de R$ 171,97 para R$ 179,91.
A diferença no salário será ainda maior para quem tiver férias para receber em janeiro. Mas, como as empresas pagam os salários dois dias antes do início das férias, a dica do tributarista para quem quiser aproveitar a vantagem é não marcar o começo das férias para o primeiro dia do mês, mas para o dia 5 ou 7. É a forma de garantir que o dinheiro seja creditado em janeiro e tributado pela tabela nova.
A correção automática é garantida pela Lei 12469/2011.
– A partir de outubro de 2014, será preciso recomeçar a pressão pela correção da tabela do ano seguinte. Esses 4,5% ficam abaixo da inflação e representam perdas para o trabalhador, porque, se o salário é corrigido e a tabela não, ele paga mais imposto. Pior ainda foram nos vários anos em que a tabela ficou congelada, acumulou alta de 60% e isso nunca foi reposto – lembra o tributarista.
Equipe PT na Câmara com informações de O Globo
Foto: Gustavo Bezerra