Lula destaca que é ‘paz e amor’ e defende soberania nacional e uma nova política industrial para o Brasil

Foto do site Lula.com.br

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso pronunciado no sábado (26), disse que é preciso governar um país com o coração, olhando para as pessoas humildes que não têm oportunidades na vida e destacou que hoje o “Lula é paz e amor”.

“O Lula que está falando é o Lula paz e amor, porque não é possível governar um país com a razão, você precisa governar um país com o coração. Você precisa governar um país olhando para pessoas mais humildes, olhando para as pessoas que não trabalham, para as pessoas que não comem, as pessoas que não estudam, para as pessoas que não têm oportunidades na vida”.

O discurso foi pronunciado em Niterói (RJ), no Festival Vermelho, que celebrou  os 100 anos do PCdoB.

Lula disse que um filho de dona Lindu, mesmo depois de perder a esposa, ser preso e ser achincalhado durante cinco anos, não tem raiva nem ressentimento. “Um filho de dona Lindu não tem raiva nem tem ressentimento, mas não peçam para eu esquecer o que fizeram comigo.”

O ex-presidente ressaltou que sua intenção é conversar com todo mundo, se for mesmo candidato a presidente da República e ganhar as eleições em outubro deste ano. “Não se preocupem os banqueiros e empresários, porque eu vou conversar com todo mundo. Mas quem vota em mim é esse povo que está aqui, é o povo trabalhador, é o povo sofrido desse país”, afirmou. Lembrou que a população mais pobre sofre demais e que mesmo o Brasil sendo um dos maiores produtores de alimentos do mundo,  o “povo só pega resto, só pega osso no açougue ou carcaça de frango. Que país é esse?”

Riquezas nacionais

Lula afirmou  que o Brasil precisa retomar a soberania nacional, que inclui a defesa de seus recursos naturais e do patrimônio público e a implementação de uma nova política de desenvolvimento. O ex-presidente defendeu que o resgate da soberania nacional é um dos pilares para recuperar o País da destruição que tem sido implementada pelo governo militar conduzido pelo ex-capitão Jair Bolsonaro.

“Nós vamos ter que reconstruir uma coisa chamada soberania nacional. Significa que precisamos de democracia, mas nós precisamos ser donos do nosso nariz, nós temos que tomar conta do nosso espaço aéreo, da nossa fronteira marítima, da nossa fronteira seca. Nós temos que tomar conta da nossa floresta, da nossa água, da nossa fauna, da nossa biodiversidade, que tem uma riqueza incomensurável que nós ainda não aprendemos a explorar cientificamente, também significa a gente tomar conta das nossas riquezas minerais, no solo e no subsolo”, afirmou.

Não à privatização

Segundo o ex-presidente, a soberania também inclui que as empresas estatais e estratégicas voltem a trabalhar a favor do país e não de alguns acionistas. “Significa que a Petrobras vai ter que voltar a ser do povo brasileiro outra vez. Significa que nós vamos ter coragem de não deixar privatizar os Correios, não deixar privatizar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, que o BNDES vai ter que voltar a ser um banco do desenvolvimento industrial deste país”, disse.

E completou: “Significa que a gente vai ter que ter uma nova política industrial, discutir que nicho de indústria nós vamos querer neste país, porque apenas quebrar os direitos dos trabalhadores dizendo que vai melhorar a vida do Brasil, que o Brasil vai ser mais competitivo, é mentira”.

Lula disse que a reconstrução do país também passa por abandonar a atual política de preços da Petrobras, que atrela o preço dos combustíveis e outros derivados do petróleo ao dólar e ao preço internacional do barril, o que fez com que os aumentos consecutivos passassem a pesar cada vez mais no bolso dos consumidores brasileiros e, por tabela, no preço dos alimentos e de outros produtos consumidos diariamente pela população.

O golpe contra a produção de fertilizantes

“Em 2008, com a crise econômica, o barril de petróleo chegou a 147 dólares e o preço da gasolina no meu governo era apenas R$ 2,60. Agora, jogam a culpa na Ucrânia, pelo aumento do preço dos combustíveis, e jogam nas costas do povo brasileiro. O trabalhador ganha em real, as peças nossas são compradas em real, as nossas sondas a gente fazia em real, porque tomamos uma decisão de que todos os navios, todas as plataformas deveriam ter 70% de componente nacional, para desenvolver a engenharia, a tecnologia e a indústria brasileira e eles acabaram com isso”, sublinhou Lula.

Ele ressaltou que atualmente há “392 empresas importando gasolina dos Estados Unidos, pagando em dólar e fazendo com que o pobre aqui compre o feijão pagando o preço que a gasolina coloca na comida quando transporta em dólar”. Lula complementou: “É por isso que eu tenho dito, se preparem, porque nós vamos abrasileirar o preço do combustível, do óleo diesel e do gás de cozinha neste país”, ressaltou Lula.

O ex-presidente também lamentou o fato de muitas fábricas na área de fertilizantes que estavam em construção, para aumentar a produção e dar autonomia do Brasil no setor,  foram paralisadas após a saída do PT do governo.

“O Brasil não produz quase nada. Porque a elite brasileira não quer. Eu estava fazendo a fábrica de ureia, que estava 85% pronta no Mato Grosso do Sul, e eles pararam. A gente estava fazendo uma fábrica de amônia, em Uberaba, eles pararam. Eles fecharam três fábricas de fertilizante no Paraná, duas em Sergipe. Agora, estão se ressentindo porque não tem”, denunciou Lula.

“Quando eu falo em soberania, é porque o País não precisa ter gasolina, nem gás nem diesel em dólar, o país não precisava estar importando fertilizantes, não precisava ter jovens fugindo do país para ter emprego lá fora. No meu governo, o pessoal vinha de fora para trabalhar aqui dentro”.

Recepção popular

Sob forte calor, Lula foi recebido com festa pela multidão que o aguardava no Caminho Niemeyer, no Centro de Niterói, na tarde de sábado (26). Representantes da esquerda se reuniram para celebrar os 100 anos do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) no  ato político “Frente Ampla para Florescer a Esperança”.

Durante o evento, lideranças analisaram a conjuntura nacional,com temas como o combate à fome, a luta contra a direita, o racismo e o direito dos trabalhadores.

Milhares de apoiadores da pré-candidatura de Lula à Presidência da República lotaram o espaço e ao redor do Palco Praça do Povo. Eles levaram máscaras representando o rosto de Lula, cartazes, bandeiras do PT e do PCdoB e gritaram  “Fora, Bolsonaro!”

Durante a fala de Lula, os presentes gritaram seu nome e acenderam as luzes de seus celulares, agitaram bandeiras e sinalizadores na cor vermelha, simbolizando o PT e o PCdoB.

Redação PT na Câmara com www.lula.com.br e informações do site www.enfoco.com.br

 

 

 

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