Marília Arraes: Bolsonaro e seu (des)governo inimigo das mulheres

Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados-Arquivo

Bolsonaro é inimigo das mulheres. Nosso Brasil república nunca teve um governo tão destrutivo e perseguidor para as mulheres. Agindo cotidianamente contra os interesses da nação, em especial aos nossos, o presidente ataca as instituições, os direitos conquistados, a soberania e a democracia.

Cotidianamente Bolsonaro nos ofende, humilha, desrespeita. Em aparições públicas repugnantes, dispara todo tipo de machismo, misoginia e homofobia. Suas falas e ações estimulam a violência. Não por acaso, o número de feminicídios não para de crescer em nosso país.

No Brasil de Bolsonaro somos nós, mulheres, que mais perderam empregos e tiveram os salários achatados. De acordo com dados do Dieese, a taxa de desemprego entre as mulheres chegou a 16,8% em 2021. Para as mulheres negras essa realidade é ainda pior e o desemprego atinge 19,8%.  A renda média caiu de R$ 2.139,00 (2019) para R$ 2.078,00. E isso num país onde mais de 30 milhões de lares são chefiados por mulheres.

No Brasil de Bolsonaro somos nós, mulheres, que mais sentimos os efeitos do desmonte do SUS, o esfacelamento das escolas, com o crescimento da fila do INSS, o fim dos projetos de habitação popular. E como esquecer das mais de 1,5 milhão de famílias excluídas do Bolsa Família, um programa em que 92% dos titulares são mulheres?

Ainda neste mesmo Brasil de Bolsonaro, a saúde das mulheres não tem nenhuma importância. Uma dentre tantas provas foi o veto criminoso do presidente à Lei 14.214/2021. Os cinco artigos vetados previam a criação de um programa nacional de distribuição de absorventes higiênicos, beneficiando quase 6 milhões de meninas e mulheres.

E como não classificar como “total descaso” com as demandas femininas quando consideramos os recursos aplicados pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Segundo levantamento do Instituto de Estudos Socioeconômicos, a alocação de recursos do ministério prevista para 2022, é de R$ 43,2 milhões, mais de três vezes menor do que o total aplicado em 2020, que foi de R$ 132,5 milhões.

A violência contra as mulheres é outro dado alarmante e cresce junto com o discurso de ódio de Bolsonaro e sua turma. No Brasil, uma mulher é assassinada a cada 2 horas. Deste total, 66% das vítimas são mulheres negras. Somos o país que mais mata mulheres trans e travestis no mundo. No Brasil, seis mulheres lésbicas são estupradas por dia e a violência contra as mulheres com deficiência cresce cada vez mais. Em 2020, houve um aumento de 67,9% deste tipo de crime.

Antes do governo Bolsonaro existiam fóruns de discussões com a sociedade civil para que as políticas públicas fossem avaliadas. Vários desses espaços foram desativados, incluindo o Comitê de Gênero, Diversidade e Inclusão. O programa Casa da Mulher Brasileira – que tinha como principal função garantir proteção e acolhimento de mulheres vítimas de violência, lançado durante o governo da presidente Dilma Rousseff, em 2013, foi desmontado.

Nós, mulheres, somos 51,8% da população brasileira, mas nossa representatividade na política ainda é muito baixa. Ocupamos somente 12% dos cargos eletivos de prefeitas e apenas 16% das cadeiras legislativas municipais. A porcentagem de líderes eleitas para os legislativos estaduais e para o Congresso é semelhante. Uma das maneiras mais eficientes de combater retrocessos como os que vivemos neste desgoverno é exatamente ampliar a participação feminina nos espaços de poder e decisão. Sigamos em frente nesta luta e contra todo e qualquer tipo de ameaça a nós e as nossas vidas!

Marília Arraes é deputada federal (PT-PE)

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