Com atos pelo país, petroleiros resistem ao desmonte da Petrobras

Foto: FUP

Petroleiros de todo o país transformaram esta sexta-feira (3) em mais um dia de luta contra o desmonte e a privatização da Petrobras. Logo cedo, às 7h30, os trabalhadores realizaram um ato em frente à Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, para denunciar a absurda venda da unidade, entregue pela metade do preço com terminais e outros ativos de logística.

O ato da Federação Única dos Petroleiros (FUP) contou com a participação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), de diversas entidades sindicais da Bahia, movimentos sociais e liderança políticas, além do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil, Montagem e Manutenção (Siticcan), que representa os trabalhadores terceirizados que atuam na refinaria. No mesmo horário, ocorreram mobilizações em outras refinarias e unidades do Sistema Petrobras (veja imagem abaixo).

Em entrevista na quinta-feira (2), ao canal Tutaméia TV, o economista Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras nos governos Lula e Dilma, denunciou que o governo de Jair Bolsonaro, ao se desfazer das refinarias (há planos de vender outras sete, com alguns dos processos de privatização já bastante adiantados), não só entrega o patrimônio nacional a estrangeiros como deixa o Brasil em uma situação crítica no que diz respeito ao fornecimento de energia.

“Essa privatização diminui a flexibilidade do sistema como um todo, e, portanto, se passa a ter menos eficiência e menos capacidade de atender o mercado interno”, disse Gabrielli. “Estamos cada vez mais dependentes de importação. O país aumentou enormemente as importações de derivados de petróleo depois de 2016. E isso coloca o mercado brasileiro mais e mais sujeito ao mercado internacional. E coloca cada vez menos autônomo o mercado brasileiro em termos de definição de preços”, acrescentou.

O ex-presidente da Petrobras disse ainda que serão vários os danos ao Brasil causados por essa política, que só beneficia os acionistas minoritários, em detrimento dos interesses nacionais. “No curto prazo, estamos aumentando a nossa vulnerabilidade externa. No médio prazo, se a economia voltar a crescer mais rápido, vamos ter um apagão de derivados. Do ponto de vista da segurança nacional, da segurança energética, essa política é um desastre. No longo prazo, estamos condenando o nosso país à subordinação econômica e à perda de soberania num produto que é absolutamente estratégico para a segurança nacional”, advertiu.

Atos contra a privatização da Petrobras

O “roubo” da RLAM

Avaliada entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), a RLAM foi vendida pela gestão bolsonarista da Petrobras por US$ 1,8 bilhão para o fundo de investimentos Mubadala, dos Emirados Árabes. A conclusão da venda, questionada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), foi anunciada pela direção da estatal na noite de terça-feira (30). O fundo árabe criou a empresa Acelan, que ficará responsável pela administração da refinaria baiana.

Em nota divulgada na terça-feira (30), o Sindipetro Bahia alertou que, “além do prejuízo financeiro para a nação, a venda da RLAM trará um futuro nada promissor não só para a Bahia e o Nordeste, mas para todo o Brasil”.

Com refinaria, a Petrobras entrega de brinde um potencial mercado consumidor não só da Bahia, mas de boa parte do Nordeste, além de 669km de oleodutos que ligam a refinaria ao Complexo Petroquímico de Camaçari e ao Terminal de Madre de Deus. Foram incluídos ainda no generoso pacote outros três terminais da Bahia (Candeias, Jequié e Itabuna).

A RLAM foi a primeira refinaria a integrar o Sistema Petrobras e é atualmente a segunda maior do país em capacidade de processamento. Entrou em atividade em 1950, antes mesmo da criação da Petrobrás, dando início a um ciclo impulsionador da indústria regional nacional, com a criação da estatal, em 1953. A RLAM foi fundamental para o desenvolvimento do primeiro complexo petroquímico planejado do país e maior complexo industrial do Hemisfério Sul, o Polo Petroquímico de Camaçari, instalado na Bahia em 1978.

Redação da Agência PT, com informações da FUP

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