Com um governo que favorece os latifundiários, como é o de Jair Bolsonaro, multiplicam-se ataques covardes contra trabalhadores rurais. As vítimas mais recentes são moradores de uma comunidade de pequenos agricultores na Amazônia.
Homens armados e encapuzados destruíram e atearam fogo ao acampamento de camponeses, que fica em São Vinícius, no norte do Pará, e abriga aproximadamente 80 famílias. Alvos, nos últimos 10 anos, de constantes ofensivas por parte de interessados na terra, os agricultores contam que foram amarrados e agredidos.
A violência aconteceu próximo a uma fazenda em Nova Ipixuna, enquanto a líder da comunidade participava da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-26), que ocorre em Glasgow, na Escócia. A ativista Claudelice Santos denunciou o episódio durante a COP. Conforme relatos, os agressores torturaram os moradores com chutes, socos e coronhadas, além de queimarem casas.
Essas pessoas estão em risco porque o Estado não pode lhes dar segurança, porque é moroso nos seus processos. Enquanto isso, os latifundiários e sua gangue de pistoleiros atiram, torturam e jogam na mata. Estão fugindo para a mata para não morrer. Temos que nos mobilizar com urgência para que o Estado brasileiro preste contas e faça algo por essas famílias”, disse Claudelice.
Para a secretária Nacional de Movimentos Populares do PT, Vera Lúcia Barbosa, o ataque é mais uma demonstração de que a ofensiva e a violência contra os pequenos agricultores e os indígenas estão sendo intensificadas.
Os latifundiários do Brasil e os financiadores do garimpo ilegal parecem ter o apoio do Governo Federal para continuar devastando a natureza e exterminar os povos indígenas e todos os que atrapalham os seus processos lucrativos de exploração desenfreada dos recursos naturais. A Justiça precisa urgentemente investigar e punir os mandantes e autores de todos esses atos violentos. Precisamos interromper, de uma vez por todas, a violência contra os nossos índios e os nossos pequenos agricultores”.
Conflitos fundiários
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) calcula que, entre 1996 e 2019, pelo menos 320 trabalhadores e lideranças foram assassinados no Pará, e outros 1.213 foram ameaçados de morte por conta de conflitos de terra.
Conforme o Ministério Público Federal (MPF), a propriedade onde fica o acampamento está sobreposta a um imóvel da União e, em 2012, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) publicou a criação do assentamento.
Em nota, a Superintendência Regional do Incra Sul do Pará disse que recebeu a notificação do MPF e que a situação está sendo analisada.
Redação da Agência PT, com informações da Folha de S. Paulo