O líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Elvino Bohn Gass (RS), afirmou durante pronunciamento na tribuna da Câmara que a privatização dos Correios vai trazer inúmeros prejuízos ao País e à população brasileira. Entre os retrocessos, o parlamentar ressaltou o aumento no valor da entrega das encomendas por todo o País e os gastos adicionais para o governo – bancados pelo contribuinte – com o custo de serviços que hoje são prestados pelos Correios, como a entrega das provas do Enem e de urnas eletrônicas nas eleições. O projeto de lei que permite a privatização foi aprovado no plenário da Câmara com 286 votos favoráveis e 173 contrários.
Durante o processo de votação da proposta, Bohn Gass ressaltou que os defensores da privatização estavam destruindo uma estrutura que existe há 358 anos, antes mesmo da fundação da República. O líder do PT desmascarou no plenário o argumento utilizado pelos defensores da privatização de que é preciso garantir a livre concorrência para reduzir o valor dos serviços de entrega de encomendas no País.
“Vocês (defensores da privatização) estão tirando um concorrente no processo de distribuição. Estão concentrando o mercado. Então, na verdade, não somos nós que temos medo da concorrência, são vocês que têm medo do concorrente, porque, se ficar o Correios participando no processo de distribuição de levar as encomendas pelo País afora, não vai ter oligopólio privado, e oligopólio privado faz mal. Ele concentra, ele torna preços mais caros”, argumentou.
O deputado Bohn Gass também alertou que a privatização dos Correios também deve prejudicar a universalização da prestação do serviço de entrega nos mais de 5.570 municípios brasileiros. Uma coisa é uma empresa privada levar um produto de São Paulo para o Rio de Janeiro, de São Paulo para Curitiba, de São Paulo para Belo Horizonte. A outra é levar um produto para todos os municípios do País afora. Então, vai pagar mais caro o nosso pequeno empresário que não é de um grande centro onde uma empresa oligopolizada vai poder oferecer um preço concorrencial menor”, explicou.
De acordo com o líder petista, por essas razões muitos países – especialmente com tamanho continental – mantém empresas estatais de Correios ou reestatizaram empresas públicas do setor que foram privatizadas. Os Estados Unidos – berço do liberalismo – mantêm a empresa estatal de Correios, United States Postal Service (USPS), fundada em 1775. Já a Argentina, reestatizou em 2003 o Correo Argentino, que tinha sido privatizado em 1997 e faliu na mão da iniciativa privada do País.
O povo vai pagar a conta
O líder petista respondeu ainda as acusações dos defensores da privatização de que é preciso vender à iniciativa privada o controle de empresas públicas como forma de “combater a corrupção”. Bohn Gass lembrou que, após a derrubada injusta da então presidenta Dilma Rousseff, o governo do golpista Michel Temer privatizou a Central Nacional de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos (CENADI), responsável pela distribuição de vacinas pelo País.
Agora, lembrou o parlamentar gaúcho, a CPI da Pandemia do Senado investiga contratos do atual governo com a empresa VTCLog, contratada para distribuir medicamentos em todo o País, que inicialmente era 60 vezes mais caro do que o preço que seria cobrado normalmente.
O petista citou ainda como exemplos do prejuízo para o povo, o valor crescente da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, diante do mesmo discurso do governo Bolsonaro de que o livre mercado pode baratear o preço dos produtos. Bohn Gass destacou ainda que o governo também terá enormes prejuízos – bancados pela população – com a privatização dos Correios.
“São os Correios que levam País afora as provas do ENEM. São os Correios que ajudam a transportar vacinas. Nas eleições, as urnas são transportadas pelos Correios. Então, quando nós temos um conjunto de atividades, estão lá os Correios oferecendo serviços, que agora deverão ser pagos. E quem é que vai pagar? A população brasileira”, esclareceu.
Héber Carvalho